Os brutos também amam conforto e alta tecnologia. Pensando assim, a Volvo lançou no Brasil um caminhão – ou bruto, como preferem os caminhoneiros – com o que há de mais moderno: computador de bordo, air bag, freios ABS, motores de última geração com até 420 cavalos de potência, piloto automático… "O NH12 é o estado da arte", festeja o sueco Ulf Selvin, presidente da subsidiária brasileira. Mais do que um caminhão de luxo, o novo modelo representa a maioridade da marca no País. É também o sinal mais visível de que a reestruturação global da Volvo chegou a Curitiba, onde instalou sua fábrica há 21 anos. Depois de vender a divisão de automóveis para a Ford, em março, a empresa sueca decidiu concentrar forças nos caminhões. E o Brasil passou a ser o centro de operações da companhia para a América Latina.

Mas o mercado brasileiro de caminhões pesados ainda é o grande campo de batalha da fábrica curitibana. Nele, a marca ocupa o terceiro posto, com uma fatia de 23% contra os 30% da Scania e os 27% da Mercedes. "A Volvo perdeu muito dinheiro querendo ser líder a qualquer custo, hoje nós buscamos ter os melhores produtos e serviços, a liderança vem com o tempo", avalia o diretor de marketing, Nilton Meira. Para tanto, mudou a estratégia: quer convencer o mercado de que o futuro está na profissionalização de motoristas e transportadores. Dentro deste raciocínio, pagar R$ 140 mil pelo modelo mais caro do mercado seria um investimento. Como os concorrentes estão na faixa dos R$ 115 mil – incluindo o modelo EDC, que a própria Volvo mantém em linha –, a empresa decidiu provar na ponta do lápis que a sofisticação do NH12 é garantia de custos menores. "Depois de três anos de operação, rodando dez horas diárias numa estrada como a São Paulo–Curitiba, a economia é de R$ 57.120", garante Meira, lembrando que o computador de bordo permite um gerenciamento preciso do consumo de combustível e do desgaste de peças.

Para se fazer entender, a Volvo investiu US$ 2 milhões num lançamento, que apresentou em primeira mão o seu "bruto sofisticado" aos 103 clientes mais fiéis da marca. Deu certo. Eles compraram num único dia os primeiros 119 caminhões, toda a produção de junho. O caminhoneiro comum poderá também testar o novo modelo na Caravana Volvo, que instalará entre julho e outubro pistas de testes nos principais postos de beira de estrada. "Vamos acabar com a imagem que ficou no passado de que os Scania são mais confortáveis", promete Meira.