Uma sensação de alívio tomou conta dos hoteleiros de estâncias de inverno da Argentina e do Chile no final de maio. Após três anos de uma amaldiçoada seca de neve, que afugentou atletas do esqui, os primeiros cristais de gelo caíram em Bariloche e Valle Nevado. Foi como ganhar na loteria. "O ano passado foi uma catástrofe. Esperamos que a situação mude", afirma Jaime Mahn, gerente em Santiago do Hotel Plaza San Francisco, ligado ao grupo Sennerman, que administra o complexo de Valle Nevado. A situação atual é ainda mais delicada porque 60% dos turistas que visitam a estância chilena são brasileiros, que estão com menos dinheiro no bolso depois da desvalorização de 30% do real. Para enfrentar a situação, uma série de medidas foi tomada. No Chile, eliminaram a obrigatoriedade do pacote mínimo de sete dias. Ou seja, o brasileiro pode se esbaldar na neve com apenas um pernoite de US$ 76.

Em Bariloche, o esforço para atrair brasileiros foi mais radical. Hoteleiros e donos de restaurantes concordaram em diminuir preços e pretendem até superar a marca de 24 mil visitantes do País do inverno de 1998. "Reduzimos em 15% nossas tarifas. Acreditamos que os brasileiros optarão por nossa cidade, em vez de ir a Miami", declara Angel Bosch, secretário de Turismo. Um pacote barato de sete noites sai agora por US$ 820 contra os US$ 1,1 mil do ano passado. Brasiloche, como gostam de ironizar os argentinos, inaugurou inclusive na quarta-feira 9 seu novo terminal de aeroporto, três vezes maior que o anterior. Caso São Pedro não cumpra a promessa de encher de branco o Cerro Catedral nessa temporada, Bariloche tem outros atrativos, como passeios nos bosques e viagens de barco. Mas sem dúvida a neve é a principal atração no inverno. E todas as esperanças estão voltadas para o céu.