Quando a segunda-feira ameaça despontar, um homem é assaltado por devastadoras inquietações. Para livrar-se de tamanho desconforto, ele tenta extirpar o dia do calendário. A história é apenas uma entre várias narrativas de tom surrealista – alimentadas por inspirada influência de Franz Kafka – que o escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão constrói com concisão e contundência neste seu 21º livro. Como o Gregor Samsa de A metamorfose, de Kafka, os personagens criados por Loyola são vítimas de eventos fantásticos, aberrações que atropelam a lógica. Um deles perde a sombra. O outro, a mão, que cai numa caixa de correio. Tais desastres são encarados com pouca perplexidade, desproporcional aos fatos. Como se tudo fosse culpa da detestável segunda-feira. (C.F.)
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