A moral vigente, em total contradição com um início de século, jogou George Michael a um linchamento público por conta de atitudes "despudoradas". Seus fãs não se impressionaram, pois o que mais importa é o seu sempre bem-vindo canto. Aos outros, Michael deu a melhor resposta que um artista da sua categoria e fama poderia dar. Gravou um álbum impecável, com stan-dards da música americana e não, que na sua voz ganharam nova cor e sensibilidade. Sua interpretação do pop folk The first time ever I saw your face, por exemplo, conhecido internacionalmente através da suavidade romântica de Roberta Flack, já pode ser considerada um clássico de dimensão tão grande quanto a canção composta por Ewan MacColl em 1963. Roxanne, de Sting para o seu então grupo The Police, igualmente foi redesenhada com vigor e sabor diferentes. O que dizer, então, do outro clássico Brother can you spare a dime?, escrito por J. Gorney e E. Y. Harbug, em 1932. A faixa abre o disco e George Michael dá um show. Este, sim, mais condizente que aquele que o moralismo quis lhe impingir. (A.R.)
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