Maria Bethânia até já chorou no camarim do programa de Hebe Camargo, implorando à apresentadora que a liberasse, deixando à vista todo o seu desespero de aparecer na televisão. Em compensação, é impressionante sua intimidade com o palco, mais uma vez mostrada neste espetáculo dirigido por Fauzi Arap, que a comandou nos memoráveis shows dos anos 70 e, talvez por isso mesmo, seja responsável pelo quase excesso de referências da carreira da cantora àquela época. Não precisava. Bethânia tem à mão um novo repertório ótimo, baseado em seus discos mais recentes. É claro que todo mundo gosta de ouvir músicas conhecidas. Canções de Roberto Carlos interpretadas por ela, por exemplo, são sempre obrigatórias. Mas o exagero poderia ser contido. Maria Bethânia, no entanto, continua soberana. A seu favor contam-se ainda a voz mais encorpada e o sempre imenso prazer de cantar só para o seu público, uma atitude que supera qualquer tom déjà vu. (A.R.)
VALE A PENA