Pernalonga, Batman e companhia, gravadora, canal pago de tevê, home vídeo. Com as raízes fincadas no Brasil, o grupo americano Time Warner quer agora implantar por aqui um negócio que se tem mostrado muito rentável no ramo de diversões: os cinemas Multiplex. São aquela concentração de salas, em média dez, que proliferaram nos shoppings brasileiros e com tantas opções de filmes e horários que até deixam o consumidor atônito. A americana Warner começou a construir seus Multiplex em 1988 e, atualmente, opera 895 salas no Reino Unido, Espanha, Portugal, Itália, Japão, Formosa e Austrália – paradoxalmente, não pode instalar cinemas em casa porque a legislação dos Estados Unidos proíbe que uma produtora de filmes explore também esse ramo. "Estamos fazendo os planos para o Brasil", confirmou Aaron Cappocchi, secretário da presidência da Warner Theaters, braço para os cinemas.

Sabe-se que as sondagens já são feitas há um ano e a busca de informações começou pelos construtores brasileiros de shopping centers com negócios em Portugal: o grupo Multiplan e a In-Mont Engenharia. Foi um caminho natural para a Lusomundo, maior distribuidora de filmes de Portugal, operadora de 200 salas na Europa, com faturamento de US$ 400 milhões, parceira da Warner em Portugal e na Espanha e provável sócia na empreitada brasileira. A Lusomundo teria planos de construir 70 salas, na capital paulista, até o final do ano. Depois, iria para o interior. O presidente da companhia, Luís Silva, evita falar dos projetos: "Estamos estudando o negócio e a parceria com a Warner."

A Warner aguardou para ver se os Multiplex, presentes no Brasil há cerca de dois anos, iriam dar certo. Quem apostou no ramo não reclama. A americana Cinemark faturou aqui R$ 30 milhões em 1998 e já pensa em abrir cinemas em Manaus e na mineira Contagem. Atrás da Cinemark, vieram a inglesa UCI (joint venture entre a Paramount e a Universal) e, mais recentemente, a americana General Cinema. A entrada das estrangeiras mexeu bastante com o mercado nacional. O Grupo Severiano Ribeiro, que já apostava nos cinemas de shopping, tratou de fazer logo uma parceria com a UCI. O público das nostálgicas salas de rua estava minguando, migrando para a comodidade e a segurança dos novos cinemas. Já há 230 salas no País e, de acordo com os planos de progressão geométrica, haverá pelo menos mais 200 até o final de 2000. As operadoras não ganham apenas com a venda de bilhetes. "O filme é um chamariz para a área de alimentação dos Multiplex. Estima-se que o consumidor acaba gastando 40% do valor do ingresso em pipoca e guloseimas", explica Marcos Romiti, sócio da Intermart/Austin, consultora e administradora de shoppings.

Colaborou Maria Fernanda Delmas