A importância do contato físico nos primeiros meses de vida hoje é fato comprovado por pediatras e psicólogos. Tocada com carinho desde o nascimento, a criança se desenvolve normalmente, ao contrário de bebês pouco acariciados, que se tornam apáticos. "Dar colo não estraga o bebê, como se acreditava antes. Ao contrário, deixa a criança segura e tranquila quanto ao afeto dos pais", diz a pediatra Jacy Pontremolez Varalta. Os médicos da velha-guarda aconselhavam os pais a deixar o recém-nascido chorando para acostumar-se a permanecer no berço. Para eles, o choro seria sinal de manha, uma demanda exagerada de atenção, e o bebê deveria aprender logo a inutilidade do choro como modo de obter colo. Hoje, é raro quem recomende esta conduta em tão tenra idade. "O contato é fundamental", diz o pediatra Sergio Ayres, chefe do berçário de alto risco do Hospital São Luís, em São Paulo. "Eles ficam tranquilos, ganham peso e se desenvolvem melhor." No seu trabalho com prematuros, Ayres receita carinho irrestrito. Ele é também defensor do projeto Canguru, idéia trazida da Europa e adotada em algumas maternidades brasileiras, em que se substitui a incubadeira pelo contato com a pele da mãe, que mantém o bebê atado ao corpo.

Para a dermatologista Deborah San Gregorio, 36 anos, mãe de Stephanie, de nove meses, não há limite para dar colo: "Sempre que ela chora, eu pego, tento descobrir o que é. Por ser tão acarinhada, é uma criança alegre e tranquila." Solange Gallinaro, 33 anos, transformou num programa seu prazer em segurar a filha Gabriela, de dez meses. Ela dança com a menina em casa e no salão da academia Stella Aguiar, em São Paulo, que ministra um curso de dança para mães e bebês. "Enquanto a mãe se exercita e aprende novos passos, o bebê aproveita o momento numa troca de sensações muito positiva", diz Stella, a proprietária. Além da sessão de dança de 45 minutos, com direito a intervalos para eventuais trocas de fraldas e mamadas, há dez minutos finais dedicados à shantala (leia abaixo), uma arte tradicional de massagem infantil.

 

Massagem calmante

Há mais de 30 anos, o médico francês Frédérick Leboyer, criador do famoso parto em que o bebê é poupado de todo gesto brusco, foi a Calcutá e viu uma jovem massageando o filho. "Fiquei mudo", escreve ele no livro Shantala (Ed. Ground). "Parecia um balé, tal a harmonia e o ritmo, embora de extrema lentidão." A partir daí, a milenar massagem indiana se difundiu pelo mundo e passou de terapia alternativa a técnica reconhecida, ensinada a mães e aplicada em berçários de hospitais e em creches. Para a terapeuta e professora Hanelore Barreto, a shantala promove não só bem-estar físico e emocional como evita problemas de saúde. No berçário da Avon, o resultado é animador. Leonardo, de quatro meses, chegou irritado por causa das cólicas frequentes. "Com apenas três sessões da massagem, está risonho e tranquilo", diz a berçarista Rosa Alice Campos.

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