Navegar na Internet hoje em dia é quase como passear em um Mercedes com motor de fusquinha. A rede tem um conteúdo rico e às vezes surpreendente, mas frustra pela lentidão. Bem, essa sensação negativa, que em alguns momentos chega às raias do desespero, tem seus dias contados. Está nascendo nos Estados Unidos – e logo, logo estará no Brasil – a Internet 2. Não, não será outra rede interligando computadores de todo o mundo, mas uma evolução da que já existe. Assim como a atual, que surgiu nos anos 80 de uma cooperação entre o governo americano, suas melhores universidades e algumas empresas privadas, o novo projeto será produto de uma iniciativa mais rica entre estes três parceiros. A grande diferença está nos objetivos, na ambição tecnológica, que são muito maiores. Para se ter uma idéia, acredita-se que, dentro de três a quatro anos, a linha que hoje separa a Internet da tevê irá desaparecer. Toda mídia, seja visual ou sonora, será canalizada pela Internet 2 com uma qualidade nunca vista. Depois de um rápido namoro e um noivado mais longo, o casamento agora é inevitável.

Para não ficar muito atrás nesse futuro próximo, o Brasil já começou a se mexer. Há poucas semanas, o ministro da Ciência e Tecnologia, Luís Carlos Bresser Pereira, sentou-se em Curitiba com representantes do meio acadêmico brasileiro envolvidos com redes de informática, além de empresários do setor. Para aproveitar o melhor da experiência americana, participou do encontro a diretora de relações corporativas da Internet 2 dos Estados Unidos, Ann O’Beay. Ela faz parte de uma espécie de consórcio que reúne desde o ano passado mais de 150 universidades americanas, o governo federal e empresas do porte da AT&T, Microsoft e MCI. "As universidades são a principal fonte tanto da demanda por novas tecnologias quanto do talento necessário para implementá-las", disse O’Beay a ISTOÉ. "Queremos produzir uma tecnologia capaz de enriquecer a Internet em três sentidos: mais banda (capacidade) de transmissão, multicasting (recurso que permitirá que várias pessoas assistam, e interajam, a um mesmo programa simultaneamente) e qualidade total de transmissão", explicou ela. Como a iniciativa privada está envolvida no projeto, tal tecnologia deverá estar disponível ao mercado quase simultaneamente.