Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Espécie de hino dos anos 80, a música de Walter Franco nunca esteve tão atual. É exatamente desse jeito que se chega ao ápice da meditação, prática oriental cada vez mais usada no Ocidente, e se atinge um estado de relaxamento tão grande que chega a ser duas vezes maior que o sono profundo. Não é à toa que há mais de cinco mil anos os orientais já defendiam com unhas e dentes a prática da meditação. Essa espécie de “relaxamento acordado” traz grandes benefícios à saúde. Um dos motivos é que ela promove a liberação das endorfinas, o nosso calmante natural. “Uma boa quantidade dessas substâncias tira o estado de depressão e melhora a disposição, o que acelera qualquer processo de cura”, explica o pediatra Norvan Leite. O médico está tão convencido do poder da meditação que acaba de introduzir a técnica no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. A idéia é que o serviço possa ser usufruído não só por pacientes, mas também por pessoas interessadas em conhecer o método.

O intuito inicial dos profissionais do Hospital do Servidor era diminuir a fila de espera para quem quisesse se tratar com acupuntura, serviço disponível no local desde 1991. “Meditar ajuda a potencializar outros tratamentos de saúde, pois aumenta a autoconfiança”, explica Norvan Leite. “As aplicações da meditação são irrestritas. Podem amenizar os efeitos colaterais de pacientes que estão tomando quimioterapia, por exemplo. Também aceleram a cura de distúrbios como depressão, síndrome do pânico e ansiedade”, diz Leite. Ansiedade em excesso foi justamente o que fez a funcionária pública Valdira Santos, 56 anos, procurar a meditação, um mês atrás. “No início achei que não conseguiria me concentrar e ficar em silêncio. Hoje já me acostumei, estou mais relaxada e até minha respiração ficou melhor”, conta ela.

Defesa – Esses são apenas alguns exemplos de como a meditação vem sendo usada em benefício da saúde. Na verdade, apesar de ser praticada há séculos pelos orientais, só agora a medicina ocidental resolveu adotá-la. “Além de liberar endorfinas, a meditação inibe a produção do cortisol, hormônio secretado em situações de stress”, diz Marília de Campos, instrutora de meditação transcendental. O ginecologista e obstetra Chung Kim Yau também é adepto da técnica. Ele a indica a pacientes com problemas de tensão pré-menstrual (TPM), desmenorréia (ausência de menstruação) ou que estejam entrando na menopausa. “Todas as pessoas nascem com algum órgão de choque que precisa de cuidados especiais. É uma parte do organismo mais vulnerável que pode adoecer quando o sistema imunológico enfraquece”, explica Yau. “Meditar ajuda a fortalecer a defesa do organismo e consequentemente o órgão debilitado”, completa.

A educadora Ayeres Brandão, 54 anos, foi buscar a meditação há cerca de dois anos por motivos ginecológicos. Ela estava entrando na menopausa e queria controlar a angústia, a pressão alta e a ansiedade – típicas de mulheres nesse período – sem ingestão de hormônios. “Deu tão certo que acabei arrastando comigo minhas duas filhas”, conta Ayeres. Janaína, 23 anos, e Mônica, 28, foram entender o que tinha transformado sua mãe em uma mulher muito mais confiante e de alto-astral e acabaram descobrindo que meditar era uma arma poderosa contra seus próprios problemas. Janaí-na sofria de síndrome do pânico e tomava remédios contra o distúrbio havia três anos. “Depois que comecei a meditar, fui diminuindo progressivamente os remédios. Hoje não preciso mais deles”, vibra a vestibulanda, que também controla a ansiedade para não ir mal nas provas. Já a irmã, Mônica, conseguiu encarar a demissão do emprego em que trabalhava havia mais de oito anos, sem grandes dramas. “A meditação me ensinou a ser autoconfiante. Não sofro mais por qualquer coisa. Fui demitida e rapidamente arrumei outro emprego”, conclui.