Faxina no governo
A ala mais ética do governo está pressionando o presidente Fernando Henrique a trocar todos os ministros envolvidos em escândalos. Élcio Álvares e Rafael Greca já estão com um pé fora. O PFL cansou de brigar por Greca – cada vez mais acuado pelas investigações sobre a máfia do bingo promovidas por procuradores da República – e não quer nem lembrar que Élcio um dia foi filiado ao partido. Sem conseguir dar explicações convincentes para as denúncias de suas ligações com o crime organizado, o ministro da Defesa é hoje um consenso às avessas: não tem apoio dos partidos, dos militares nem de colegas de Ministério. Quem ainda pode escapar dessa degola é Eliseu Padilha. É o único que tem de fato respaldo partidário. Com a disposição de FHC de cortar as arrogantes asas do senador Antônio Carlos Magalhães, a turma mais pragmática do Planalto avalia ser um erro demitir agora o ministro dos Transportes e comprar uma briga com o PMDB.

Jogo palaciano I
O Palácio do Planalto está discretamente estimulando um diálogo entre figuras como o ex-governador Cristovam Buarque e o deputado Paulo Delgado, da corrente mais moderada do PT, com a ala do PFL liderada pelo vice-presidente Marco Maciel. É mais um lance da estratégia palaciana para isolar ACM, que, por sua vez, continua flertando com a turma petista ligada a Lula. A conversa entre os light do PT e do PFL começou pela busca de convergências em torno de uma futura reforma política.

Jogo palaciano II
Tem dedo do Planalto também na costura de uma aliança entre o PSDB e o PMDB para impedir que Antônio Carlos Magalhães crie camisas de força para obrigar Fernando Henrique a ceder novos nacos de poder ao cacique baiano. Quem se fortalece com isso é o deputado Michel Temer. FHC está engordando o cacife do presidente da Câmara na esperança de que sua proposta para a regulamentação do uso das medidas provisórias, bem mais amena que a de ACM, seja vitoriosa no Congresso.

Novas denúncias
O Ministério Público Federal deve receber nos próximos dias denúncia sobre um esquema de favorecimentos e irregularidades na Telesp, que teria vigorado até a privatização da empresa em 1998. Por trás, estaria a Tejofran, empresa de propriedade de Antônio Dias Felipe, o “Português”, amigo e compadre do governador paulista Mário Covas.

Rápidas

  • Os grandes partidos estão com sérias dificuldades em definir candidatos viáveis para a sucessão presidencial. “Estamos todos em barcos sem terra à vista”, define o líder pefelista Inocêncio Oliveira.
  • De olho no Planalto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, disfarça e diz que sonha em ser mesmo a primeira presidenta do Senado, na próxima legislatura parlamentar.
  • Encrencado pela CPI do Judiciário, o senador Luiz Es-tevão (PMDB-DF) está curtindo agora uma fria agradável. Passa uma temporada numa estação de esqui em Aspen, no Colorado.