Para os fãs de esportes, a vontade de ir à academia nunca foi problema. Já para quem malha sentindo-se entediado por ter de cumprir a mesma rotina de levantar pesos e seguir coreografias, a assiduidade representa uma prova de fogo na luta pelo corpo perfeito. Mas os empresários do fitness perceberam que transformar seus espaços em clubes, com infra-estrutura capaz de rivalizar com as das mais importantes associações esportivas, é a melhor maneira de satisfazer o aluno e levá-lo a passar mais tempo na malhação.

Prova dessa tendência é que as superacademias se multiplicam. No dia 2, foi inaugurada em Belém (PA), por exemplo, a oitava unidade da Companhia Athlética. Com sete mil metros quadrados, tem quadras de tênis, squash e futsal. Dispõe de deck para banhos de sol e sala para a criançada se distrair enquanto os pais malham. Até o final do ano será aberta no Rio outra unidade gigante. “Mudamos o conceito de academia de ginástica para o de clube de atividades físicas”, explica Edward Bilton, sócio e diretor de marketing. “Ficar só na ginástica cansa. Quando a academia vira clube, é possível passar um dia só conversando ou jogando squash”, afirma Richard Bilton, também sócio.

Aerobrega – Essas características estimularam a estudante Izabella Bentes, 20 anos. Os equipamentos de alta tecnologia e o tamanho da unidade atraíram seu interesse. “No final de semana, ficarei aqui o dia inteiro”, garante Izabella. No caso da Cia. Athlética de Belém, uma pitada de cultura local é mais um reforço na estratégia de manter o aluno. O professor de ginástica Oswaldo Dias prepara sessões de “aerobrega”. O brega é um estilo de música que faz sucesso no Pará (Reginaldo Rossi é um de seus representantes). “O passos são curtos e fazem o tronco se movimentar bem. Experimentaremos forró e talvez carimbó, outro ritmo paraense”, conta.

Em São Paulo, a Fórmula também abriu uma megaacademia. Em fevereiro, a empresa inaugurou sua segunda unidade, uma área esportiva de seis mil metros quadrados montada num shopping. Lá foi contruída uma parede de sete metros para escalada. Além disso, o novo espaço dispõe de um solário com uma cachoeira artificial. Sua água é fria e estimula a circulação. Depois, a sensação é de relaxamento. “O malhador quer comodidade, diversidade, boa estrutura e benefícios agregados”, explica Manoel Carrano, diretor-presidente da Fórmula.

Ambientes gigantescos e diversidade de atividades nos “clubes de malhação” conquistam os consumidores. Mas no caso da dentista Juliana Onuma, 23 anos, foi a qualidade do atendimento que pesou na decisão de trocar o São Paulo, um clube tradicional, pela Fórmula. “Os aparelhos são mais modernos, com mais informações, e mesmo assim sou atendida de modo personalizado”, diz Juliana, que já experimentou a cachoeira.

Os malhadores da Runner, de São Paulo, há dois anos desfrutam desse modelo de superacademia. Há uma unidade, a Runner Club, que funciona em uma área de 13,5 mil metros quadrados. O local possui diversas quadras, piscina ao ar livre e até banheira de hidromassagem. “Os clubes estão perdendo associados”, observa o diretor comercial André Barbieri. “As academias oferecem o mesmo que eles, mas com benefícios. E não fecham às segundas-feiras”, emenda.