Uma inesperada mudança ocorre no show business brasileiro. As principais casas de espetáculo estão migrando de mãos e de sotaque, com a entrada no Brasil do gigantesco grupo mexicano Corporación Interamericana de Entretenimiento (CIE). Há apenas dois anos no mercado local, a sociedade anônima – considerada a maior empresa de entretenimento ao vivo da América Latina – foi aos poucos adquirindo, sem alarde, teatros e casas noturnas, sendo hoje a dona do Credicard Hall, do Direct TV Music Hall e dos teatros Ópera, Jardel Filho e o antigo Paramount, rebatizado de Teatro Abril, todos em São Paulo. Desde o domingo 1º, passou também a contar com o ATL Hall carioca, antigo Metropolitan. Na operação total de compra, queimou US$ 45 milhões.

Para muitos, a ansiedade do grupo pela liderança no show biz brasileiro tem ares de monopólio. Mas o presidente da CIE Brasil, o empresário Fernando Altério, rebate com veemência. “Digamos que São Paulo tenha 50 teatros. Eu tenho três. Das casas de espetáculo, temos duas em cinco. Isso é monopólio?” Ex-sócio do Credicard Hall e do Direct TV Music Hall, Altério assumiu a nova função em dezembro passado, depois que a CIE abocanhou 70% das participações da Stage Empreendimentos, empresa por trás das duas casas paulistanas de espetáculo. O avanço mexicano não pára aí. Com braços nos Estados Unidos, Espanha, Panamá, Colômbia, Chile e Argentina, a CIE elegeu o Brasil como prioridade para os próximos dois anos. Para manter o compromisso, tem em caixa US$ 140 milhões captados na bolsa mexicana. A empresa já atua na área de venda de ingressos através da rede Ticketmaster, e é dona do portal elfoco.com. No futuro, pretende abrir teatros em Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre, atuar no setor de publicidade e até administrar estádios, como o do Corinthians, cujos planos ainda estão no papel.

Além de estar por trás de grandes shows internacionais – o dos Backstreet Boys, que acontece em maio no Rio de Janeiro e em São Paulo, é um deles –, a CIE também tem o trunfo de deter os direitos para as línguas portuguesa e espanhola da maioria dos musicais da Broadway – um bom exemplo é o afamado espetáculo Les misérables, que estréia na quarta-feira 25, na capital paulista. Comenta-se nos bastidores que a pródiga empresa torrou muito dinheiro em produções deficitárias até se impor no mercado. Agora ela parece estar pronta para faturar.