Nenhuma tecnologia, por mais moderna e segura que seja, está imune às mãos do homem. Talvez por isso o maquinista do trem de alta velocidade acidentado na Espanha na quarta-feira 24, na pior tragédia ferroviária do País nas últimas quatro décadas, gritasse no rádio de sua cabine: “Sou apenas humano, sou apenas humano”. Ele estava ferido: “Deus queira que ninguém morra, minha consciência não vai aguentar”. Sabe-se que a consciência não aguenta peso quando se tem culpa, e é bem provável que a responsabilidade pelo descarrilamento próximo à cidade de Santiago de Compostela que matou pelo menos 80 pessoas e deixou mais de 100 feridos seja mesmo do maquinista Francisco Garzón. no trecho mais perigoso do trajeto entre Madri e Compostela, a velocidade máxima tem de ser de 80 quilômetros por hora. Garzón entrou nela com 100 quilômetros a mais. Outra hipótese é que o sistema automático de freio que reduz a velocidade a 60 quilômetros tenha falhado e o maquinista se fiara somente nele.