Assista ao trailer do filme e a uma entrevista com a diretora Gabriela Cowperthwaite:

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Com 11 unidades, o parque aquático SeaWorld recebe mais de 12 milhões de visitantes por ano. A maior atração da rede são os shows em que treinadores interagem com as orcas. Depois de reger movimentos, dançar dentro d’água e pegar carona na boca dos bichos, os treinadores são, invariavelmente, ovacionados. Mas na tarde de 25 de fevereiro de 2010, na filial da Flórida, tudo deu errado. A treinadora Dawn Brancheau entrou na água para se apresentar com a orca macho Tilikum. O animal não estava para brincadeiras. Deu rabadas, prendeu a moça com a boca e arremessou-se sobre ela, que morreu.

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ATAQUE DE NERVOS
O nível de estresse das orcas sobe e a
expectativa de vida cai no cativeiro

A tragédia inspirou a diretora Gabriela Cowperthwaite, que nasceu no Brasil e vive em Los Angeles. Ela resolveu investigar a vida das orcas em cativeiro. As conclusões estão no documentário “Blackfish”, lançado este mês no Hemisfério Norte, e que chega ao Brasil no fim de setembro. O filme usa imagens fortes da captura de orcas, cenas do ataque de Tilikum e depoimentos de ex-treinadores para defender a tese de que o animal pode ter reagido aos anos de confinamento. Vale lembrar que a treinadora foi a terceira vítima fatal de Tilikum, um macho reprodutor capturado na região da Islândia.

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SURFE PERIGOSO
Não é fácil manter sob controle um
animal que tem fama de assassino

Mario Rollo, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pesquisador na área de ecologia marinha, diz que é difícil avaliar se a ocorrência foi fruto de uma “revolta” do animal: “Não é sabida nem a população dessa espécie. Portanto, as consequências da vida em cativeiro ainda não podem ser conclusivas.” Se há dúvidas quanto ao estresse, não resta nenhuma quando o assunto é longevidade. Na natureza, elas vivem até 90 anos, tempo que cai pela metade no cativeiro.

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O SeaWorld se defende. “O filme conduz erroneamente o tema e deixa de lado pontos importantes, como nosso programa de resgate e reabilitação, que já recuperou 22 mil animais”, afirma o vice-presidente do parque, Fred Jacobs. Segundo ele, depois de restabelecidos, os bichos são devolvidos à natureza. Os saudáveis ficam lá, para a alegria dos visitantes. Como não parece disposto a seguir a receita dos circos que descobriram que animal não é entretenimento, é bom o SeaWorld orientar seus treinadores para que, na hora de recompensar as orcas pelo truque bem-feito, atirem um calmante junto com a sardinha.