Até o final dos anos 60, achar um par de óculos bonitos nas lojas era um martírio. Quando Audrey Hepburn apareceu no filme Bonequinha de Luxo com óculos de sol extravagantes, eles imediatamente viraram bossa. Nos anos 70, John Lennon valorizou o modelo redondinho, grudado no nariz. Hoje, no entanto, eles deixaram de ser apenas uma necessidade ou uma moda passageira. Viraram acessório obrigatório em qualquer rosto. Todas as grifes famosas – e até as menos badaladas – resolveram lançar seu próprio design de óculos. A maioria pode ser usada com lentes de graus e há muitas opções no mercado. Os óculos-máscaras são o lançamento mais recente. Muitos se parecem com aqueles objetos feitos de tecido para dormir durante o dia ou numa viagem de avião. Outros chamam atenção mesmo pelas cores, que vão do laranja ao lilás.

Trava-se uma guerra pela invenção mais ousada. Outro detalhe: sair à noite de óculos coloridos, mesmo que o usuário tenha uma visão de lince, e dispense qualquer lente de grau, é o barato do momento. Faz tempo, no entanto, que alguns artesãos investem nessa mudança de atitude. O paulista Miguel Giannini, por exemplo, há 30 anos cria modelos personalizados e elegantes. “Acho maravilhoso que todos estejam seguindo nesse embalo!”, empolga-se. Até o modelo ray-ban já ganhou versões ousadas e há grifes colocando no mercado autênticas peças de design. Algumas de gosto duvidoso. “Para ficar na moda, é preciso ter vários modelos no armário”, decreta Giannini. Ele mesmo já fez 12 pares diferentes para a apresentadora Ana Maria Braga, uma de suas clientes famosas, além do presidente Fernando Henrique Cardoso e da primeira-dama dona Ruth.

Mas, como sempre, o bom senso deve fazer parte da escolha. O tipo de rosto e a personalidade precisam ser levados em conta. Se a pessoa é tímida, tem o rosto pequeno e curte um estilo de vida discreto, não ficará nada bem com um enorme óculos rosa-choque. As lentes também exigem cuidados. João Bosco, representante de Wil Vale, importadora de óculos e expert no assunto, faz algumas ressalvas: “Lentes rosa, laranja, amarela e lilás devem ser usadas à noite ou em dias nublados. Caso contrário, o sol pode causar danos à visão.” João ainda alerta que as lentes coloridas geralmente são de acrílico e não protegem totalmente contra os raios de sol. Além do desconforto, podem produzir astenopia (fadiga visual) e prejudicar a retina.