24/07/2013 - 15:41
A polícia encontra dificuldades para competir com organizações criminosas internacionais, que arrecadam 870 bilhões de dólares por ano, com atividades como o comércio de drogas, o tráfico de pessoas e o roubo de identidade, declarou nesta quarta-feira à AFP Yury Fedotov, chefe do escritório da ONU para as Drogas e o Crime.
Se as organizações criminosas fossem classificadas como uma indústria, estariam incluídas entre os agentes econômicos mais importantes do mundo.
Os cortes de gastos promovidos em função da crise econômica aumentaram o antigo abismo financeiro que existe entre as organizações criminosas e aqueles que as combatem, explicou Fedotov.
"As quadrilhas são mais bem financiadas do que qualquer instituição policial. Isso está claro, especialmente se compararmos a alta receita ilícita com os orçamentos limitados de muitas instituições legais", afirmou o alto representante da ONU.
Porém, o financiamento é apenas parte do problema, explica Fedotov, já que a polícia luta para se adaptar à dinâmica das redes criminosas, que mudam constantemente e se movem mais rápido do que as tradicionais máfias do passado.
"O crime organizado contemporâneo também é sofisticado e se adapta com facilidade. Deveríamos, então, ser mais flexíveis e não só seguir o fluxo, mas também atuar na prevenção e antecipação das ações do crime organizado", acrescenta Fedotov.
Os crimes virtuais, por sua vez, crescem consideravelmente, já que cerca de um terço da população mundial tem acesso à internet.
Em relação ao tráfico de entorpecentes, entretanto, as preocupações se concentram no aumento do número de drogas sintéticas.
Fedotov também se diz preocupado com o aumento do tráfico nas conturbadas regiões do Sahel e da África Ocidental – notavelmente na Guiné-Bissau -, que o representante da ONU chama de "elo mais fraco".