Zorro, o herói mascarado de capa e espada criado pelo repórter policial americano Johnston McCulley, é um dos ícones do entretenimento no século XX. A história do fidalgo mexicano Don Diego Vega – que assume a identidade secreta de El Zorro (A Raposa) para defender da opressão dos militares espanhóis o pequeno Pueblo de la Reina de Los Angeles, na região mexicana de San Juan Capistrano – conquistou milhões de fãs em todo o mundo. Ainda inspirou uma das revistas em quadrinhos mais disputadas a partir dos anos 50, uma longa série de tevê e nove filmes. O mais recente, lançado em 1998, custou US$ 65 milhões e teve o papel principal dividido entre Anthony Hopkins e Antonio Banderas. Mas poucos destes produtos são capazes de produzir encantamento semelhante ao da leitura do trabalho que deu origem a tudo, A marca do Zorro (Panda Books, 240 págs., R$ 26), novela escrita em 1919 e só agora publicada no Brasil na sua versão original.
McCulley combina heroísmo, romance e ritmo de aventura para revelar os confrontos de Don Diego-El Zorro com os soldados do Sargento Gonzales e os duelos do herói com o capitão Ramón pelo amor da bela Lolita Pulido. Exemplo de literatura de consumo eficiente, o texto apresenta como marca principal a descrição detalhada dos ambientes e das circunstâncias da história, ocorrida provavelmente na terceira década do século XIX – o autor não localiza o tempo da ação. McCulley morreu em 1958, sem entender direito o sucesso obtido por seu herói mascarado. Entre 1957 e 1958, o ator Guy Williams estrelou 78 episódios de Zorro para a tevê. Williams, que sustentou sua fama entre adolescentes no cultuado seriado Perdidos no espaço, é até hoje considerado o melhor Zorro de todos os tempos. Para os que se deixam seduzir por boas imagens, ironia e elegância, A marca do Zorro, o livro, é um tiro no alvo. Ou melhor, um golpe certeiro de florete.