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Assistir a uma partida de futebol e ter a sensação de estar no meio do estádio. Ver do sofá a bola sair dos pés de um craque e cruzar a sala de estar. Graças à evolução da tecnologia 3D, essas emoções estão mais perto dos espectadores. Em 2010, o efeito tridimensional começará a invadir a casa das pessoas, prometem os fabricantes de equipamentos eletrônicos. E a Copa do Mundo da África do Sul será o marco principal. Neste mês, a japonesa Sony, em parceria com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), anunciou que gravará cerca de 25 jogos com câmeras especiais e vai exibi-los em telões nas cidades de Roma, Berlim, Londres, Paris, Sydney, Cidade do México e Rio de Janeiro. A chegada aos lares é o próximo passo.

Também no ano que vem, os principais fabricantes de televisores vão disputar a  referência dos consumidores por suas tevês, aparelhos de blu-ray (sucessor do DVD), monitores e videogames capazes de exibir as imagens tridimensionais que fascinam adultos e crianças. Os novos modelos devem chegar ao mercado ainda com preços elevados, como toda nova tecnologia. Especialistas calculam que apenas na próxima década ela se tornará popular.

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ESTRATÉGIA: Fabricantes querem abolir o uso de óculos especiais, para baixar o custo

Mas as projeções da indústria de eletrônicos são ambiciosas. Na terça-feira 15, a sul-coreana LG anunciou que pretende vender 400 mil televisores 3D em 2010 e 3,4 milhões deles no ano seguinte. “O maior desafio é diminuir o tamanho das telas e eliminar a necessidade de uso dos óculos especiais para baratear o custo e atrair o espectador”, aposta Carlos Ferraz, diretor do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por enquanto, o acessório permanece como essencial para se enxergar o efeito tridimensional. Isso porque, para criar três dimensões, é preciso captar duas imagens com ângulos ligeiramente diferentes. E os óculos permitem que um olho por vez perceba cada imagem e provoque a sensação de que as figuras saltam da tela. Televisores sem o aparato e com capacidade de transmitir a programação da tevê ainda estão sendo testados.

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Hoje, a projeção de imagens em três dimensões já faz sucesso nos cinemas. Estima-se que sete mil salas em todo o mundo exibam filmes com o recurso. “No futuro, toda a transmissão de tevê deverá ter a opção de ser exibida em 3D”, disse à ISTOÉ Hans Ülmer, diretor da empresa Absolut Technologies, especialista em soluções de realidade virtual de duas e três dimensões. Mas não basta a tecnologia estar disponível, é preciso, também, que as emissoras de tevê criem conteúdo com a novidade. “O sucesso do 3D dependerá da perspectiva de mercado que as emissoras irão enxergar”, defende o especialista em realidade aumentada e virtual Gerson Cunha, professor do Instituto Alberto LuizCoimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). “A Copa certamente será um importante catalisador”, completa.

Para o presidente do Instituto de Estudos da Televisão, Nelson Hoineff, o 3D é uma ferramenta a mais, mas não um divisor de águas na história da televisão. “Seu impacto por enquanto é pequeno se comparado ao potencial da tevê digital”, afirma. No Brasil, a Rede Globo já adquiriu duas câmeras com capacidade para fazer gravações em 3D. A emissora usa o equipamento em testes e tem planos de instalar um canal a cabo com transmissões tridimensionais no futuro. Na Inglaterra, o canal 4 britânico mostrou neste ano um documentário sobre a coroação da rainha Elizabeth II em três dimensões. Apesar da dificuldade de transmitir e projetar as imagens em 3D com qualidade, sua captação é possível há décadas. “As pessoas assistem à televisão para se emocionar, sentir-se parte daquele enredo. No fundo, é isso que o 3D proporciona: uma proximidade maior do espectador com a tela”, defende Carlos Ferraz, da UFPE. 

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