Confira, em vídeo, como funciona o T3, projeto criado por pesquisadores da Universidade de Cambridge:

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Primeiro computador digno do nome, o Eniac entrou em operação no dia 14 de fevereiro de 1946. Pelos seus 2,4 m de altura por 30 m de comprimento, espalhavam-se 17 mil válvulas, 70 mil resistores e mais de 5 milhões de pontos de solda feitos manualmente. A energia consumida era tão descomunal que, ao ligá-lo, as luzes da Filadélfia tiveram uma queda. Criado pelo Exército americano, o equipamento realizava cálculos balísticos em 30 segundos. Antes dele, os resultados só apareciam depois de 12 horas. Hoje, é possível fazer as mesmas contas instantaneamente com uma calculadora de mão. Esses extremos mostram o irreversível processo de miniaturização do computador. Projetos recentes mostram que, de tão pequeno, ele está prestes a deixar de existir fisicamente.

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Com o PC vão embora mouse, teclado e monitor. Juntos, esses equipamentos formam o modelo de computação consagrado pela indústria há pelos menos 40 anos. Mas, no futuro próximo, eles abrirão espaço para equipamentos que serão projetados em qualquer superfície, como a parede de casa, o chão, um banquinho, a própria pele ou a mesa do jantar.     

Uma das empresas que mantêm projetos avançados nessa área é a Microsoft. A companhia banca pesquisas com universidades americanas para encontrar a fórmula ideal de fazer o computador pular do monitor para, por exemplo, a mesa de centro da sua sala. Um desses estudos foi feito com a Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh. Os pesquisadores utilizaram sensores do Kinect – tecnologia usada no console de videogame Xbox que permite dar comandos por meio de gestos – para criar um protótipo que projeta imagens em qualquer superfície e reconhece os movimentos do usuário. Com o acessório, que pode ser colocado no ombro da pessoa, é possível digitar em qualquer mesa, parede ou mesmo no braço. “Buscamos desenvolver uma tecnologia que possa ser usada nas superfícies do dia a dia”, disse Hrvoje Benko, pesquisador da Microsoft, em artigo publicado pela universidade americana.

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NOVOS SUPORTES
Acima, cientistas da Universidade de Cambridge usam uma
mesa comum como se fosse um monitor. Abaixo, o braço
de pesquisador americano vira uma tela sensível ao toque

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Outro projeto da Microsoft foi idealizado em parceria com a fabricante de chips Intel. Trata-se de uma evolução da mesa digital Surface, lançada comercialmente no Brasil pela empresa de software e pela Samsung em 2012. Nessa versão, sensores “liam” os movimentos da mão próximos a uma tela de plástico. Dessa forma, era possível realizar tarefas como acessar arquivos de computador e anotar pedidos comerciais. Já o protótipo mais recente desenvolvido com a Intel, também chamado de Surface, reproduz em qualquer lugar as informações do smartphone do usuário. Imagine que a pessoa acesse a internet pelo celular, por exemplo. Por meio de um projetor do tamanho da palma da mão, o conteúdo pode ser exibido em qualquer lugar, como a mesa do bar ou o chão. A ideia é que esse projetor seja colocado dentro do smartphone. É justamente esse o desafio que ainda precisa ser vencido, pois a engenhoca, hoje, é grande demais para caber num aparelho atual de telefone.  

As superfícies interativas também poderão ser utilizadas em grupo. Na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, um grupo de pesquisa trabalha em uma mesa digital que pode ser manuseada por uma ou mais pessoas ao mesmo tempo. Os cientistas conseguem, por intermédio de uma espécie de caneta, mover telas de um lugar para o outro sobre uma mesa convencional. Para formar essas telas, os pesquisadores usaram seis retroprojetores especiais. Eles dizem que uma tecnologia como essa ainda não é viável do ponto de vista comercial, mas esse dia vai chegar. “Com o tempo, os projetores ficarão mais potentes, então poderemos usar menos aparelhos para executar essa função”, escreveram os pesquisadores da universidade.

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Como há protótipos em estágios avançados, é possível mesmo imaginar que essa nova era da tecnologia, na qual os computadores se transformarão em caixinhas equipadas com lente de projeção e sensores, chegue ao mercado num futuro bem próximo.  Isso não quer dizer, porém, que o atual formato do PC esteja com os dias contados. “O computador foi criado para que as secretárias o utilizassem, mas hoje ele foi muito além disso”, afirma Geber Ramalho, professor do centro de informática da Universidade Federal de Pernambuco. “O que acontecerá é que, no futuro, haverá vários modos de interação por meio de um computador.” Mesmo que a máquina seja invisível.