Se os jogadores espanhóis formam a chamada "Esquadra Espanhola", os sul-americanos têm seu exército Brancaleone, liderado por Gustavo Kuerten e Marcelo Ríos. A turma do Cone Sul sempre teve tenistas de altíssimo gabarito, mas atualmente brasileiros e chilenos levam a vantagem de ter a qualidade ao seu lado, enquanto os argentinos têm que se contentar com a quantidade. Entre os 100 melhores do ranking, há dois brasileiros, um chileno e sete argentinos, mas nenhum deles está entre os 20 primeiros. É pouco para os nossos primos. Nos últimos anos, eles tiveram as estrelas máximas das quadras no Mercosul, com Guillermo Villas, José Luis Clerc e a bonita Gabriela Sabatini. Do Chile, surgiram no passado jogadores do prestígio de Jaime Fillol, Hans Gildmeinster e Luiz Ayala, duas vezes finalista de Roland Garros.

Os argentinos construíram sua história a partir de Villas. Antes dele, cerca de 200 mil pessoas batiam suas bolinhas lá. Depois, mais de três milhões pegaram nas raquetes. Estima-se que haja entre 3,5 mil e 4 mil quadras em Buenos Aires, algumas até embaixo de viadutos. Já os tenistas brasileiros tiveram sua fase áurea antes de a mídia descobrir o esporte e transformá-lo numa mania. Por conta disso, Maria Esther Bueno ganhou mais títulos do que todos os argentinos, brasileiros e chilenos juntos, mas não virou o ídolo que Guga vai ser. O "Darth Vader" do tênis brasileiro, que chegou a Roland Garros com uma roupa escura e não tão própria para o calor parisiense, é a nova sensação do tênis sul-americano, ao lado de Marcelo "O terrível" Ríos.

Eles têm a mesma idade e são rivais desde os tempos de garoto. Duas personalidades opostas, com estilos diferentes dentro e fora da quadra. Ríos é introvertido e parece odiar as pessoas. Guga ama o contato humano e parece estar sempre de bem com a vida. Ríos joga um tênis fluente e clássico, apesar do revés com as duas mãos. Guga foi mais bem servido de disciplina e inteligência. O chileno tem no seu lado emocional sua maior fraqueza, enquanto no brasileiro esta é sua maior arma. Eles já comandam o tênis sul-americano desta geração, são os dois destaques desta primeira metade da temporada internacional e seguramente vão tornar o circuito mundial mais rico em talento e personalidade.

Paulo Cleto é ex-técnico do Brasil na Copa Davis

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