O diretor Augusto Boal e o diretor musical Marcos Leite resolveram acrescentar à ópera Carmen elementos rítmicos do samba, criando um novo gênero batizado de sambópera. A leitura brasileira das consagradas árias de Georges Bizet, ao som de pandeiro e cavaquinho, resultou numa mistura herética, mas com interessante jogo cênico. Boal manteve o texto cantado embora tenha trazido para o Brasil de hoje alguns personagens da história trágica, adaptada da novela de Prosper Mérimée, da cigana que só obedece ao seu desejo. Dessa forma, o contrabandista vira traficante e o toureador Escamillo, que rouba de Don José (Raul Serrador) o coração de Carmen, encarna o maior goleador do País. A ária Toreador, por exemplo, ganhou letra divertida, toda adaptada ao futebol. No papel de Carmen, Cláudia Ohana empresta sua beleza e sensualidade. Mostra-se à vontade nos números de dança e muito afinada, como aliás, todo o elenco. (C.M.)
VALE A PENA