Se Elroy, o filho dos Jetsons, tivesse dado uma passadinha pelo Palácio das Convenções do Anhembi de São Paulo, na semana passada, teria se sentido em casa. A VI Feira Internacional de Educação, realizada do dia 19 a 22, dava mostra do que pode a tecnologia de ponta aplicada à educação. Destacavam-se propostas futurísticas, já presentes em algumas escolas, mas distantes da realidade do ensino no País. Lousas eletrônicas, cadeira e óculos virtuais, carteiras que viram microcomputadores ou que se adaptam ao tamanho do aluno ladeavam os estandes tradicionais, com softwares e brinquedos educativos, livros e cursos. "A educação vem se tornando o principal investimento da classe média, que está cada vez mais exigente", afirma Carlos Soares, diretor da Promofair, promotora do evento.

O Centro Educacional Objetivo apresentou a sala de aula do futuro, com lousa eletrônica, um micro em cada carteira e software próprio. Na lousa eletrônica o professor tanto viaja pelo sistema solar, ora pesquisando as fases da lua, ora os anéis de Saturno, quanto navega pela corrente sanguínea observando o corpo humano. E os alunos, cada um com seu próprio micro na carteira, vão de carona. "É como mágica. Fazemos uma viagem estelar sem sair da escola. Brincamos de Deus", vibra o professor Almir Brandão, diretor de Pesquisa e Tecnologia do colégio, que já aplica a novidade nas unidades Morumbi e Paulista.

O Sistema COC de Ensino, de Ribeirão Preto (SP), deu mais realismo aos seus softwares pedagógicos. Com a cadeira e os óculos virtuais, estudantes podem, por exemplo, visitar um museu e ver em terceira dimensão obras de renomados artistas. Com a carteira do futuro, que com um simples toque vira um micro, a matéria escrita na lousa aparece na tela e pode ser gravada em disquete, otimizando o tempo de estudo. O material didático desenvolvido pelo COC, fundado há mais de 30 anos, é utilizado em 60 escolas em todo o País. Aliás, o uso de material didático em redes como Anglo, Etapa, Expoente, Pitágoras, Pueri Domus, entre outros, se tornou a grande saída pedagógica para muitas escolas em todo o País.

O conforto do corpo ficou por conta das carteiras ergométricas, que se ajustam à altura dos alunos, da fábrica paranaense Cequipel. Produtos aprovados na avaliação biomecânica e ergonômica da Universidade Federal de Santa Catarina. São dois modelos que custam R$ 150 e R$ 123, 40% a mais que as cadeiras fixas da empresa. Mas não é preciso trocar todas as carteiras da escola, avisa o gerente de vendas Osmar Empinotti: "Em uma classe só 30% dos alunos destoam em altura."

As novidades são muito bem-vindas, mas como o ano 2000 está aí e a nossa realidade ainda está longe do dia-a-dia dos Jetsons, as livrarias, como a Saraiva, e os estandes de brinquedos de montar, fazer e desfazer, como o da griffe paulista Trenzinho, estavam cheios. Um interesse também comemorável.