Computador de bolso: você ainda vai ter um. Pelo menos esta é a aposta da indústria de informática. Palmtop, PalmPC, assistente pessoal digital (PDA) ou Handheld… Ainda não há consenso sobre como chamar estes novos aparelhos que surgiram para substituir as complicadas agendas eletrônicas, colocando o poder da computação na palma da mão, a toda hora, em qualquer lugar. O primeiro modelo surgiu nos EUA em 1996. Seu nome era Pilot, lançado por uma empresa chamada Palm. Consistia numa tela monocromática sensível ao toque que cabia na palma da mão e era acionada por uma caneta especial. Servia para armazenar números de telefone, anotações, calculadora e compromissos na agenda. Facílimo de usar, parecia um brinquedo de criança. Mas tinha o poder de processamento de um PC 286. Barato, custava US$ 300, dez vezes menos que um Pentium. E nem precisava de bateria. Funcionava a pilha. Por tudo isso, tornou-se um sucesso imediato, inaugurando um segmento de mercado que não parou mais de crescer. Não demorou para outras marcas como a Compaq, a Casio e a HP entrarem na briga, oferecendo produtos mais sofisticados usando uma versão despojada do Windows batizada CE. Para responder à concorrência e ganhar fôlego para crescer, a Palm associou-se à 3Com. Em 1998, de acordo com a consultoria americana Dataquest, a empresa respondeu por 61% dos quatro milhões de handhelds vendidos no mundo. A previsão para 1999 é que seja comercializado um total de 5,7 milhões de PDAs, entre Palms e produtos baseados no Windows CE. Com o mercado crescendo nesse ritmo, em 2003 a base instalada de computadores de mão atingirá os 32,5 milhões.

No Brasil, até há pouco tempo esse fenômeno dos computadores de bolsos era quase inexistente. Apenas alguns aficionados circulavam exibindo seus PDAs, quase sempre adquiridos em free shops ou no Exterior. Mas a coisa começa a mudar. Ao que tudo indica, em 1999 esse segmento começa a deslanchar também por aqui. É que vários produtos já estão à disposição do consumidor – e outros chegarão nos próximos meses. As opções são várias, desde o barato, básico e confiável Palm Pro, que sai por R$ 356 e comporta quatro mil endereços em seu único mega de memória, passando pelos mais poderosos Palm III (dois megas) e IIIx (quatro megas), que custam R$ 900 e R$ 1.100 (contra US$ 249 e US$ 369 nos EUA, respectivamente) até chegar no platinado, ultradelgado e recém-lançado Palm V – R$ 1.400 ou US$ 449 num free shop. Todos vêm com berço de acoplamento ao PC para sincronizar os dados da agenda. "Já vendemos 30 mil Palms no País. Como o número de aparelhos trazidos do Exterior é igual ou superior a este, a base instalada é de pelo menos 60 mil unidades", garante Denis Magno, gerente da 3Com. A empresa desova cerca de 2,5 mil aparelhos por mês e quer chegar aos 3,5 mil até o fim do ano. Por serem importados, seus preços são altos em comparação aos praticados no mercado americano. Por isso, a estratégia da empresa é vender os Palms às empresas, o chamado mercado corporativo, como ferramenta de auxílio às equipes de vendas. Vendas em massa, no entanto, só ocorrerão no dia em que a 3Com resolver produzir seus computadores de bolso no País, dando adeus aos pesados impostos de importação. "Essa é a nossa intenção", afirma Magno.

Ainda na linha de monitores monocromáticos, a Casio vende no País o Cassiopéia E-10 por R$ 789 (US$ 199 lá fora). Para quem prefere algo mais vistoso e parecido com o PC do escritório, até o fim do ano chega o E-100, uma máquina com 16 megas de memória cujo maior atrativo é o fato de seu monitor ser colorido. Graças ao Windows CE 20, ele roda versões simplificadas dos programas de edição de texto, planilha de cálculos e de correio eletrônico da Microsoft, o Word, o Excel e o Internet Explorer, respectivamente. Tem ainda um microfone e alto-falantes embutidos que permitem seu uso tanto como gravador como reprodutor de multímidia. Como os Palms, vem com berço de sincronização e funciona a pilha – pena que a tela colorida consuma um par delas em menos de dez horas de uso pesado, contra os vários dias dos monocromáticos concorrentes da 3Com. Apesar desse pormenor, o Cassiopéia E-100 é considerado pela revista americana PC Magazine o melhor dos Palmtops do mercado. Segundo Silvio Pereira, da Casio do Brasil, o produto que custa US$ 500 nos EUA chegará ao público brasileiro por no máximo R$ 1 mil.

Opção em cores Para quem não quer esperar e pode gastar um pouco mais, a solução é o Compaq Aero 2130 (R$ 1.430, contra os US$ 449 originais). Ele faz tudo que o E-100 faz, mas a resolução das cores no monitor não é tão boa. Devido ao seu preço, consequência da taxação alfandegária, a Compaq segue o exemplo da 3Com na sua comercialização. "Queremos investir na automação da força de vendas", diz Valeria Molina, gerente de portáteis da empresa. Segundo ela, o Aero dispõe de opcionais como modem e cartão de rede para acelerar o envio de pedidos de compra tirados por pracistas e corretores de seguro.

A última opção desse leque portátil a entrar em cena será o Jornada 420, da HP. Também colorido, é igual ao Aero e ao E-100 em quase tudo. Quase. Só falta a capacidade de multimídia, que transforma os outros dois em walkmen digitais. Segundo Paulo Rona, gerente de Handheld da HP, o Jornada custará cerca de US$ 680, contra US$ 519 em Miami. "A diferença de preço fica por conta do ônus que a estrutura tarifária coloca para o consumidor brasileiro." Contra isso, só nos resta uma opção: queixarmos ao governo.

*Preço praticado no comércio americano

**Disponíveis no Brasil no segundo semestre

 

E-mail CELULAR

A mais nova estrela na constelação PDA foi lançada dia 24. O Palm VII une todas as características do Palm III a um modem sem fio embutido. Isso permite, por exemplo, receber correio eletrônico no meio da rua, além de notícias da ABCNews, os últimos resultados esportivos fornecidos pela ESPN, a previsão do tempo do Weather Channel ou um endereço do Yahoo, entre 22 serviços. É uma beleza, por enquanto apenas acessível aos americanos. Nem adianta pensar em pagar os US$ 599 do produto e trazê-lo para cá. É jogar dinheiro fora. Isso porque o Palm VII opera conectado à rede de dados celular que a Bell South montou em 98% dos EUA. Para ter direito a acessar o sistema e descarregar ou enviar mensagens, o usuário paga uma mensalidade de US$ 9,90.

Esse é o futuro. Espere para os próximos anos uma proliferação global de redes de dados sem fio e aparelhos similares. O Brasil, por enquanto, não tem nenhuma rede assim. Mas após as privatizações é só questão de tempo para ela ser criada. Mesmo porque a Bell South já está no País. É sócia da BCP, que explora a banda B na Grande São Paulo. "Uma vez que eles instalem essa tecnologia, a 3Com traz o Palm VII para cá", informa Denis Magno, gerente da empresa.

Outra solução mais próxima é o celular pdQ, da Qualcomm, que incorpora o Palm III em seu interior. A empresa espera lançar o produto nos EUA em junho. Mas Magno não espera vê-lo distribuído no Brasil. "O pdQ baseado no PalmV já está em desenvolvimento. Será um produto menor." É este que deve ser vendido aqui, mas isso só em 2000.