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Há algo de revigorante no ambiente religioso brasileiro: verifica-se nos últimos tempos por aqui o redespertar da fé. Na diversidade fecunda de seu ecletismo de seitas, cultos e religiões, o País amplia o rebanho de peregrinos e renova o valor das crenças. Temos registrado o avanço dos evangélicos, espíritas, umbandistas, budistas, muçulmanos e agora também dos católicos, que parecem experimentar um novo embalo e ânimo com a figura do papa Francisco, recém-ungido. Como maior nação católica do mundo, o Brasil recebe o sumo pontífice dentro de alguns dias por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, evento que deve reunir no Rio de Janeiro ao menos 2,5 milhões de fiéis e romeiros. É justamente na camada mais jovem dos católicos que um fenômeno social promissor – de maior engajamento desse público – ganha vulto. O motor de arranque são as chamadas Comunidades Eclesiais de Base, que funcionam como ONGs prestadoras de serviços comunitários à população carente, e cuja abrangência tem sido cada vez maior. O jovem seguidor, que promove o resgate social em vários setores e escalas, assumiu papel preponderante nos dias atuais. Apesar dos dogmas da Igreja, ele vem mudando. Tem discutido tabus – como a aceitação da união gay, do uso de preservativos, etc. – e deixou de lado a visão individual da fé que professa. Ao se preocupar com o próximo e partir para um trabalho efetivo de amparo aos necessitados, ele tem auxiliado na transformação do País.

Francisco, “O Papa do Fim do Mundo”, como ele se autointitulou, desembarca em meio a essa onda. E assim como um dos seus antecessores, João Paulo II – que aqui esteve nos idos dos anos 80 –, tem a missão e o poder de incrementar essa corrente de solidariedade construtiva. Pelo perfil e pelos preceitos já defendidos por Francisco, que mostra um despojamento e uma consciência política inusuais entre seus pares, deve ser certamente o que ele fará. Quem sabe, com as demonstrações eloquentes de novos princípios dessa juventude católica, cujo trabalho vem promovendo resultados concretos, a própria Igreja não reveja parte do conservadorismo que há milênios carrega em suas pregações.