Para a maioria dos brasileiros, a experiência com uma Mercedes-Benz só ocorreu dentro de um ônibus ou de um caminhão. Isso começa a mudar gradualmente a partir de junho, quando chegam às revendas as primeiras unidades da Classe A, o esperado compacto-médio produzido em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, na primeira fábrica de automóveis da montadora na América Latina. Os modelos da marca da estrela são reconhecidamente carros sofisticados, luxuosos e seguros. Mas, por tudo isso, são caros. No Brasil, nenhum sai por menos de R$ 80 mil. Com a Classe A, a Mercedes começa a descer das nuvens e tenta atrair um consumidor um pouco mais próximo da média. O novo carro chega com preço entre R$ 30 mil e R$ 36 mil e a montadora estima que 25 mil unidades estejam circulando nas ruas brasileiras até o final do ano.

"Todo mundo gostaria de ter uma Mercedes, o que antes era restrito a um pequeno grupo. Agora, mais gente poderá ver seu sonho materializado", diz o publicitário Washington Olivetto, da agência W/Brasil, responsável pela conta de US$ 10 milhões para o lançamento do carro no Brasil. No ar desde o início do mês, a campanha investe num tom emocional, utilizando o tema musical I wish upon a star, do desenho animado Pinóquio, de Walt Disney. "Nunca foi usado em um comercial no mundo todo", ressalta Roberto Bógus, diretor de vendas da Mercedes. A ambição de Bógus não é pequena. Ao final do ano, a empresa pretende já ter conquistado cerca de 10% do segmento de compacto-médio, onde compete com veículos como o Golf da Volkswagen, o Astra da General Motors e o A3 da Audi. Para chegar lá, a Classe A se vale de um arsenal tecnológico que inclui, entre outros, de câmbio semi-automático (dispensa pedal da embreagem), freios ABS e controle de tração. Tudo em 3,58 de comprimento, um carro quatro centímetros menor que o Ka, da Ford.

A Mercedes teve de construir uma rede destinada exclusivamente à venda de carros, uma vez que a montadora, presente desde o final dos anos 50 no Brasil, sempre fabricou aqui caminhões e ônibus. Para entrar no novo segmento, 53 concessionárias foram credenciadas. Até 2001, outros 50 pontos-de-venda estarão autorizados a operar com a bandeira. "Talvez o cliente se locomova até um lugar mais distante para comprar o carro, mas para fazer a manutenção ele vai querer um pouco mais de conforto", diz Bógus, que esteve por 20 anos na Fiat, acompanhando desde a construção da fábrica até o lançamento do Uno. Além de lançar um plano inédito de consórcio, a montadora está interligando a rede de concessionárias à empresa de leasing do grupo. Quando o sistema estiver em pleno funcionamento, cada cliente poderá obter uma autorização de crédito em apenas dez minutos. Assim, a estrela começa a ficar perto do horizonte de mais brasileiros.