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Santoro com o sofá dreadock: trabalho autoral

O ano era 1998. Filho de arquiteto, Pedro Paulo Franco Santoro estudava arquitetura na Faculdade de Belas Artes, em São Paulo, mas andava desiludido. Ele sonhava em ser designer, mas não queria ser um mero replicador das tendências que já existiam e estava decepcionado com as aulas por focarem muito a parte técnica e pouco a criação e a inovação. Até que resolveu participar de um curso de dois anos ministrado pelos irmãos Campana no Museu Brasileiro da Escultura, o MuBE. Humberto e Fernando Campana – designers nacionais de maior projeção na atualidade – começavam a despontar para o cenário internacional. O trabalho autoral, cheio de personalidade e brasilidade da dupla, era exatamente a inspiração que faltava. “Percebi que deveria seguir por esse caminho da autoprodução”, diz ele.

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Aos 36 anos, ele é hoje a nova estrela do design de mobiliário brasileiro, segmento em que o País tem nomes consagrados como Sérgio Rodrigues e Oscar Niemeyer. Com peças premiadas internacionalmente, como a cadeira Esqueleto (no alto à esq.), Santoro é, além de artista, um empreendedor. Possui uma loja em São Paulo, A Lot Of, na qual vende peças suas e de grandes mestres nacionais e estrangeiros. Ele foi o responsável pela vinda para o País de grifes como Discipline, Casprini, Futura, Fasem, Skitsch e Matrix. Este ano, Santoro lançou a A Lot Of Brasil, um braço da A Lot Of, com uma proposta inovadora. São apenas 17 produtos assinados por dez designers internacionais, como Pininfarina e Fabio Novembre, da Itália, e a eslovena Nika Zupanc. O diferencial é que todos os produtos são fabricados no Brasil, com tecnologia de ponta oriunda do setor aeronáutico e do automotivo e matérias-primas 100% nacionais e sustentáveis, em um processo chamado por Santoro de brasilidade industrial. “Foram dois anos de pesquisa para encontrarmos os melhores fornecedores”, afirma.

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Santoro criou sua primeira peça de design premiada ainda na faculdade. A cadeira orbital, confeccionada com câmaras de ar de automóveis entrelaçadas e revestidas de lycra, foi a vencedora na categoria estudante do concurso Brasil Faz Design. O prêmio deu a ele a oportunidade de expor no badalado Salão Internacional de Design de Milão. “Foi um sucesso. A cadeira expressava o conceito de propor uma nova função ao objeto, que aprendi com os Campana e sigo até hoje”, afirma. Ele recebeu prêmios por todas as suas criações que vieram a seguir. A poltrona Supernova, eleita a peça de design de 2002 pelos Campana na revista italiana “Interni”, foi o passaporte para o reconhecimento internacional. “Sua grande assinatura é fazer um trabalho irreverente, com materiais alternativos e explorando esse conceito de brasilidade”, resume Denise Xavier, professora de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Belas Artes.

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