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Na grande escultura de tijolo e argamassa que ocupa a última sala da exposição individual de Tonico Lemos Auad na galeria Luisa Strina, em São Paulo, um pequeno detalhe funciona como chave de acesso a um “segredo” da nova série de trabalhos. Trata-se de um dos tijolos da “Casa de Tijolo” (2013) (foto), embalado por um tecido de linho. Encaixado à estrutura, esse elemento evidencia o que já se suspeitava diante de outras obras: aqui, o linho é usado como matéria escultórica. 

Na série “Paisagem Noturna” (2013), composta por cinco painéis de tecido negro, o artista remove fios de linho para criar desenhos de triângulos e losangos – sugerindo cenas marinhas de barcos a vela. Dessa forma, Lemos Auad usa o procedimento da escultura em argila ou madeira: a remoção da matéria, em vez da adição. Em outro trabalho, “Sem Título”, ele literalmente esculpe uma fruta usando fios de linho. Assim como as velas da “Paisagem Noturna”, o objeto pende, suspenso por um fio. Em outras séries, o artista usa procedimento mais “clássico” de manuseio do tecido: o bordado. Porém, o faz de forma igualmente surpreendente.