Dentro do banheiro de uma academia do centro de São Paulo, uma pequena equipe de televisão instrui o ex-campeão de kickboxing Fábio Cardoso, 26 anos, a tomar um banho espumado e insinuante. “Passe o sabão pela perna”, pede o diretor Jaime Camargo. “Pense na namorada”, sugere o iluminador Kiki. A cena de nudismo, precedida por coreografados exercícios físicos num tatame, foi produzida para um dos quadros mais esperados do Comando G, primeiro programa gay da televisão aberta, que desde o início de julho vem apimentando as madrugadas de quarta-feira da TV Gazeta, à 0h30. O cachê de Cardoso, que também trabalha como bailarino, é um “até mais, obrigado”. Mas ele não reclama. “É um trabalho honesto”, diz. Ao mostrar seus atributos, recebe em troca o direito de divulgar seu telefone de contato para shows.

Graças principalmente a números de strip-tease masculino, um total de três por noite, Comando G tem alcançado uma audiência em torno de 2,3 pontos. Para o horário não é pouco. Apresentada pelo ator Mateus Carrieri, a produção da revista G Magazine com o programa Comando da madrugada, de Goulart de Andrade, na verdade segue quase a mesma fórmula dos inocentes programas femininos vespertinos. Carrieri tece elogios aos entrevistados, o crítico e pesquisador Alfredo Sternheim indica filmes chamando os atores de “gatinhos”, e o astrólogo Maurício Bernis aconselha gays indecisos entre este ou aquele namorado. “Para os próximos programas, pretendemos colocar até receitas de pratos e drinks”, conta Camargo.
O lado diversão pura fica por conta da atriz e drag queen Nany People. Deitada numa cama, ela recebe convidados e ainda apresenta o quadro Manual de sobrevivência gay neste difícil mundo hetero. No da quarta-feira 2 ensinava a reconhecer um homossexual no ambiente de trabalho. Primeira dica: se mesmo no inverno o rapaz estiver bronzeado, leva jeito de biba (gay na gíria GLS). Atenção!


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