Bailleul, pequena cidade do Norte da França, se tornou conhecida desde que o cineasta Bruno Dumont – que lá nasceu há 42 anos e costuma selecionar os atores não-profissionais de seus filmes na lista de desempregados da prefeitura local – a transformou em cenário de suas histórias desencantadas. Com A humanidade (L’humanité, França, 1999) – estréia em São Paulo na sexta-feira 11 –, o diretor francês prestou mais um péssimo serviço ao turismo de sua cidade natal. A Bailleul de Dumont é um lugar triste, muito triste. Entre seus jovens entediados, que passam o tempo perambulando por ruas e praias vazias, pontuam os amigos Pharon de Winter (Emmanuel Schotté), tenente de polícia cuja sensibilidade beira a idiotia, Domino (Séverine Caneele), operária ninfomaníaca, e Joseph (Phillipe Tullier), seu namorado também viciado em sexo. Através de uma narrativa seca, Dumont desenha um triângulo amoroso melancólico. Em contraponto, mostra a investigação de um crime. A humanidade, no entanto, não chega a ser nem uma história de amor frustrado nem um filme policial desprovido de suspense. Trata-se, na verdade, de uma tragédia provinciana na qual inocentes viram monstros e bobos-alegres ganham feição de santos.