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Quem te viu, quem te vê, seleção! O time que chegou à Copa das Confederações desacreditado, com uma única vitória em amistoso sobre uma seleção campeã mundial (fez 3-0 na França), deu a volta por cima e mostrou que ainda é um gigante do futebol mundial. Com cinco vitórias convincentes e um massacre sobre a Espanha na final disputada no Maracanã, a Seleção Brasileira se encheu de brio, foi o espelho da voz do povo nas ruas, emocionou o país ao cantar o Hino Nacional junto com a torcida e devolveu o orgulho ao “país do futebol”, que, no entanto, não se satisfaz só com futebol.

Do técnico Felipão ao craque Neymar, do goleiro Julio César ao atacante Fred, do zagueiro David Luiz ao esforçado Hulk, poucos jogadores contavam com a confiança da torcida ao iniciar a Copa das Confederações. Mas logo aos 3 minutos do primeiro jogo, contra o Japão, Neymar fez um golaço e mandou para longe toda a zica que o impedia de brilhar na Seleção Brasileira. Foi um cartão de visitas do que estava por vir. Sentindo-se leve depois de ser vendido para o Barcelona, o craque que só tinha brilhado no Santos foi o exemplo de uma quinzena gloriosa para o futebol brasileiro. Coincidentemente, a mesma quinzena que levou milhões de brasileiros às ruas pedindo por melhorias na administração do país, dos Estados e das cidades.

Felipão foi desacreditado aqui mesmo nesta coluna. Mas sua capacidade de unir um grupo em torneios curtos, tipo mata-mata, é impressionante. Felipão disse aos jogadores que confiava totalmente neles, que ninguém entrava e ninguém saía, e com isso ganhou os jogadores. Ele é mestre nessa arte. Foi assim com a seleção campeã mundial de 2002 e com o escrete campeão da Copa das Confederações em 2013. Esse estilo de Felipão não funciona em campeonatos longos, que são marcados por muitas ausências por cartões ou contusões, mas num torneio curto é fatal. Além disso, Felipão teve a humildade de buscar inspiração na formação tática que o técnico Tite impôs ao Corinthians e fez a seleção jogar um futebol altamente competitivo.

O Brasil marcou 14 gols e sofreu apenas dois em cinco jogos. Foram cinco vitórias convincentes. Somente contra a Itália, quando tomou dois gols (mas fez quatro), o Brasil encontrou alguma dificuldade. Na final, contra a Espanha, no Maracanã, foi primoroso. Jogou com garra incomum desde o primeiro minuto e simplesmente emperrou o futebol “tic-tac” da Espanha, que era tido como imbatível até chegar ao novo Maracanã diante do Brasil.

Como já dissemos anteriormente, ganhar a Copa das Confederações pode ser perigoso, pensando nas consequências que isso terá na Copa do Mundo. O maior erro é ganhar esse torneio e chegar ao Mundial, um ano depois, julgando-se favorito, imbatível. É melhor deixar esse favoritismo para as bolsas de apostas de Londres, onde a partir deste 1º de julho uma feijoada deve estar valendo três paellas. Mas Felipão, ainda no gramado do Maracanã, deu o tom: “A Copa do Mundo é muito mais difícil, apesar de termos tido quatro campeões mundiais nesse torneio”. Que bom que pense assim.

De qualquer forma, os jogadores brasileiros e o país do futebol fizeram por onde construir esses 15 dias memoráveis. A campanha do Brasil dentro de campo foi tão sintonizada com a multidão que saiu às ruas, que a Copa das Confederações da Fifa 2013 irá transcender sua importância; já está na história. Em 1950, na semifinal da Copa do Mundo, o Brasil goleou a Espanha por 6-1 e fez o estádio cantar em 150.000 vozes: “Eeeeeu fui às touradas em Madri, parará-timbum-bumbum, parará-timbum-bumbum”, como se todos os homens fossem Braguinha e as mulheres fossem Carmen Miranda.

Desta vez, ao matar a Roja por 3-0, mais de 70.000 vozes cantaram: “Ôôôô… o campeão voltoooou, o campeão voltoooou, o campeão voltoooo-ôôu”.