EM AÇÃO O ator Robert Downey Jr. interpreta o super-herói

O herói Homem de Ferro, das histórias em quadrinhos, foi criado em 1963 pelo célebre desenhista americano Stan Lee, em homenagem ao aviador Howard Hughes (1905-1976). O seu nome civil, quando ele é um cidadão comum sem poderes especiais, é Tony Stark, e trata-se de um industrial que não consegue se curar do alcoolismo e cambaleia bêbado até o momento em que veste a sua armadura e se transforma no super-herói. Agora, pela primeira vez, esse famoso personagem (pertencente à Marvel, assim como o Homem-Aranha) ganha uma versão cinematográfica, dirigida por Jon Favreau, com a diferença de que, na tela, as referências a bebidas alcoólicas são sutis. Isso não impediu, no entanto, que, em busca do sensacionalismo que pode levar a uma excelente bilheteria, a escolha do protagonista recaísse em alguém guardado na memória do público por ter se tornado uma celebridade- problema, justamente por causa do vício de beber: o ator americano Robert Downey Jr., que passou por sucessivas internações em clínicas para dependentes químicos e chegou a ser preso por porte de droga. "O personagem é ideal para mim e eu sou perfeito para ele", diz o ator.


PONTO FRACO Mesmo protegido por sua armadura,
o herói está sob constante risco de vida, devido aos
estilhaços de bomba alojados em seu coração

O galã Robert Downey Jr., que ganhou uma indicação ao Oscar por sua atuação como o personagem-título do filme Chaplin, aceitou na hora o desafio de interpretar, pela primeira vez em sua carreira, um super-herói – na verdade, dizer sim a desafios profissionais sempre foi uma de suas características. Admirador dos gibis do personagem que fará, ele saiu-se bem nessa empreitada e está convincente como o irreverente milionário Tony Stark, dono de carros incríveis, entre eles um original Audi R8, veículo avaliado em R$ 721 milhões. Stark mora numa casa cinematográfica no litoral californiano de Malibu, torna- se vítima das armas que ele próprio fabrica e quase morre nas mãos de terroristas quando decide testar mísseis no deserto. Na verdade, se nos primeiros gibis os inimigos eram sempre os comunistas, agora são, justamente, terroristas e a indústria armamentista – ou seja, em Homem de ferro o que não falta é ação.

O filme tem todos os clichês do gênero ao qual pertence. A mocinha por quem o Homem de Ferro é apaixonado (embora ele jamais revele o seu amor) salvalhe a vida em determinada situação. É muito bem interpretada pela atriz Gwyneth Paltrow, mas o lugar-comum do enredo é mais que óbvio. O vilão chama- se Obadiah Stane (vivido pelo ator Jeff Bridges), com quem o herói luta ferrenhamente em cenas espetaculares. Em outro momento, o Homem de Ferro salva um piloto americano em queda livre no ar e impede a morte de crianças e refugiados árabes. Tem até uma Lois Lane (a jornalista de Super-Homem) encarnada numa repórter da revista Vanity Fair que busca incansavelmente revelar a identidade do herói. O ponto frágil de Stark está em seu coração: ele sobrevive com esse órgão movido por um transístor que o coloca em constante risco de vida. Antes de ser um super-herói, Tony Stark era um playboy que vivia em orgias. Feito prisioneiro por milícias ligadas ao terror, vê-se obrigado a construir armas para seus algozes. Aí vem a sua transformação: graças aos conhecimentos de tecnologia e informática, numa caverna ele constrói em segredo uma armadura de ferro com diversos apetrechos e é esse invento que lhe salva a vida. De volta a Malibu, abandona então a vida de noitadas, bebidas e cassinos e concentra-se em aperfeiçoar a sua armadura de ferro. É movido pela culpa que carrega em relação a seu pai e, também, por muita vaidade. Pois bem, é nesse momento de sua vida que ele decide que salvará muitas pessoas. O alcoolista Stark se torna assim o sóbrio e corajoso Homem de Ferro.