Criada em 1947 no início da guerra fria, a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) tornou-se peça fundamental na política de contenção do comunismo elaborada pela Casa Branca. Os sucessos iniciais na derrubada de governos hostis a Washington no Irã e na Guatemala, na primeira metade dos anos 50, tornaram a "companhia" poderosa e prepotente. Isso a levaria a colecionar uma série de fiascos, que arranharam profundamente sua reputação. Nos últimos anos, a CIA vinha conseguindo reabilitar sua imagem e redefinir seu papel no mundo pós-guerra fria. A última – ou mais recente – derrapagem, o bombardeio à Embaixada da China em Belgrado, não pode ser creditada exclusivamente à CIA, já que o Pentágono e a Otan também comeram bola.

 

U-2 (1960) – Desde 1956, aviões de reconhecimento U-2 a serviço da CIA espionavam os céus da URSS. Em maio de 1960, os soviéticos derrubaram um deles e prenderam o piloto, Francis Gary Powers. A Casa Branca tentou negar que estivesse espionando, mas Powers acabou confessando que trabalhava para a CIA. O caso se tornou um escândalo porque revelou à opinião pública americana a existência de "operações encobertas" patrocinadas pela Agência e com respaldo do Executivo.

 

Baía dos Porcos (1961) – Considerado o maior fiasco da história da CIA. Planejada pela administração Eisenhower e levado a cabo no inídio do governo Kennedy, a operação teve início em abril de 1961 com o desembarque de cerca de 1.400 cubanos anticastristas na Baía dos Porcos (que já tinha esse nome antes da operação). O objetivo era desencadear uma revolta contra Fidel Castro. Mal-equipados e sem o prometido apoio aéreo americano, os rebeldes foram presa fácil para o Exército cubano.

 

Irã-Contras (1986) – Para driblar a proibição do Congresso de ajudar aos rebeldes anti-sandinistas da Nicarágua (os "contras"), a CIA vendeu armas ilegalmente ao Hizbolá (milícia libanesa apoiada pelo Irã) em troca da libertação de reféns americanos sequestrados no Líbano. O dinheiro obtido com a venda de armas era repassado aos "contras". A descoberta da operação, coordenada pelo tenente-coronel Oliver North abalou o governo Ronald Reagan.

 

Aldrich Ames (1994) – Aldrich Ames era um graduado funcionário da CIA que durante oito anos espionou para os soviéticos e depois para os russos, até ser descoberto em 1994. O caso tornou-se, para os EUA, o equivalente ao de Kim Philby para os britânicos, um dos cinco agentes do MI6 que trabalhavam para a URSS.