Com a massificação da internet e o surgimento das redes sociais, o monopólio da informação (científica e cotidiana) foi quebrado, e a academia e a imprensa passaram a ombrear, coitadas, com a Deep Web e o WhatsApp da tia.

A discussão política, então, foi um prato cheio, e de um dia para o outro, centenas de milhões de seres humanos tornaram-se cientistas políticos e analistas de complexos processos geopolíticos e políticos-partidários. Todo mundo, hoje, acha que sabe tudo.

FENÔMENO MUNDIAL

Em boa parte do mundo democrático, graças ao enfaro de parcela significativa dos eleitores de centro e centro-direita, em relação não apenas às teses mofadas da esquerda e esquerda radical, mas à imposição de suas ideias, observa-se uma espécie de levante.

Bem ou mal, é fato que um estrato significativo de pessoas que repelem as ideologias e métodos da esquerda mundial, aglutinou-se em grupos de redes sociais e começaram a espalhar teses – muitas vezes amalucadas e/ou mentirosas – a respeito de tudo e de todos.

BURKE

Essa parcela gigantesca de eleitores concedeu-se o título “conservadores”, de modo a antagonizar com os “progressistas”. Porém, mal sabem, pois ignorantes de pai e mãe, que conservadorismo nada tem a ver com suas teses e métodos reacionários.

Edmund Burke (1729 – 1797), filósofo e político irlandês, foi o fundador do conservadorismo e deve revirar no túmulo cada vez que Jair Bolsonaro, ou Nikolas Ferreira, proclama-se “conservador”. Carla Zambelli, a pistoleira, e Donald Trump, então, nem se fala.

LEMBRAR SEMPRE

Burke, dentre tantas, cunhou a célebre frase: “um povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la”. Neste sentido, ainda que um tema chato e massante, não entender 31 de março de 1964 como de fato foi, é deixar a porta aberta para o capiroto entrar.

Há 60 anos, o Brasil foi vítima de um golpe de Estado; um golpe militar. Estou me lixando para as teses e achismos, para as justificativas e desculpas, para os argumentos que queiram, os “conservadores” (de WhatsApp), apresentar.

ENCERRO

O País foi vítima de uma ruptura constitucional, e o tal Estado Democrático de Direito foi subvertido à ditadura dos quartéis. Se muita – ou pouca – gente foi torturada e morreu, não me importa. Uma única tortura ou morte é inaceitável sob quaisquer condições.

Ulysses Guimarães disse: “temos ódio à ditadura; ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania”. O 31 de março de 64 precisa ser lembrado, sempre, com ódio e nojo por todos aqueles que, como Dr. Ulysses, amaldiçoam a tirania. Lembrem-se: quem não conhece a história…