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ESCOLA Cena em que Moura ensina Junqueira e Ramiro reproduz treinamento com a polícia

 

Tropa de elite, filme de José Padilha sobre as entranhas de um batalhão da polícia militar, antes mesmo de estrear já é o maior da história do cinema nacional em dois quesitos: custo de produção (R$ 10,5 milhões) e pirataria. Nunca um filme foi tão copiado ilegalmente antes de ir ara a tela. “Queríamos levantar várias questões sobre violência, sobre o usuário de drogas que financia o tráfico. E surgiu também a discussão sobre a pirataria”, diz o produtor Marcos Prado. Mesmo que centenas de pessoas já tenham visto uma das muitas cópias que circulam pelas ruas e pela internet, ele acredita que o filme ainda possa obter um terceiro recorde: bilheteria de 5,3 milhões de espectadores, número só alcançado por 2 filhos de Francisco.

Quando as cópias piratas começaram a circular, surgiram comentários de que se tratava de uma ação de divulgação. “Seria um marketing burro. Ninguém divulgaria um filme a um mês do lançamento”, explica Prado, admitindo que houve, sim, uma divulgação involuntária. Três envolvidos no vazamento das imagens, funcionários da Drei Marc (empresa de legendagem) estão sendo investigados. Houve até boatos de que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tivesse visto uma cópia pirata. “Fizemos uma exibição privada para o governador para que ele pudesse falar sobre o filme”, diz o produtor.

A primeira exibição pública oficial será na abertura do Festival do Rio, na quinta-feira 20, e ele só entra em cartaz em 12 de outubro. A história se passa em 1997, quando Nascimento (Wagner Moura), capitão da tropa de elite da polícia, decide deixar o trabalho perigoso para cuidar do filho, mas, antes, tem de encontrar um substituto. O roteiro, baseado em depoimentos reais, foi comprado por R$ 3,9 milhões pela produtora americana Weinstein.

 

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PRODUÇÃO Filme custou R$ 10,5 milhões

Mesmo com o aporte financeiro, os problemas não foram poucos durante as filmagens. Uma equipe técnica chegou a ser seqüestrada no morro Chapéu Mangueira. Todos voltaram ilesos, mas as armas usadas pelos atores sumiram. Depois disso, ficou difícil encontrar outra locação, porque os “donos” de outros morros temiam a presença da polícia. Patrocinadores também desistiram de financiar o filme ao saber do roteiro.

Além dos perigos nas locações, os atores tiveram treinamento com policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) – e sofreram. “Alguns globais não agüentaram e foram substituídos”, conta Prado. O elenco final é formado por Caio Junqueira, André Ramiro e Fernanda Machado, além de Wagner Moura. Quando todos os empecilhos pareciam terminados, apareceu outro. Alguns policiais ainda tentam impedir o lançamento porque querem identificar quem deu depoimentos ao diretor. “O filme é uma obra artística. É uma ficção baseada em fatos reais. Temos nossos advogados para explicar isso”, avisa Prado.