Julia Roberts está no topo. Ganhou seu primeiro Oscar de melhor atriz sem que ninguém fosse capaz de contestar seu desempenho no papel-título de Erin Brockovich – uma mulher de talento. Na cerimônia de entrega do prêmio, sorria sem parar. Fez um discurso de quatro minutos, contrariando a sugestão da produção de não passar dos 45 segundos, e soltou gritinhos de felicidade em total contraste com a carranca e o topete de rebelde anos 50 de Russell Crowe, vencedor do Oscar de melhor ator pelo épico Gladiador. Crowe, porém, não precisa fazer força para agradar. Seu estilo rude vem hipnotizando não só as platéias femininas do mundo inteiro, mas as atrizes que contracenam com ele, entre elas Meg Ryan, sua parceira no fraco Prova de vida (Proof of life, Estados Unidos, 2000), cartaz nacional na sexta-feira 6.

A fita acabou gerando polêmica, mas não pela história. Durante as filmagens, Meg abandonou o marido, Dennis Quaid, para assumir um romance cheio de desencontros com Crowe. Os americanos não aprovaram a novidade e desprezaram o filme dirigido por Taylor Hackford. De Oscar na mão, Crowe não se abalou. Mais do que um propalado dom-juan, ele é um ótimo ator. Só falta cuidar do figurino e dos cabelos. Não foi só ele, aliás, quem causou estranheza. Ao defender I’ve seen it all, concorrente a melhor canção, a cantora islandesa Björk espantou a todos com seu vestido, um cisne de pescoço estrangulado. Rubens Ewald Filho, comentarista do SBT, até agora não se refez do susto. Quanto à festa, desta vez foi excepcionalmente mais curta, sem as costumeiras pirotecnias e com um bom desempenho do mestre-de-cerimônias Steve Martin, bem mais divertido e malicioso que seu antecessor, o chatíssimo Billy Cristal. As premiações, de certa forma, foram ousadas. Principalmente em relação a talentos de trajetórias menos comerciais, como o diretor americano Steven Soderbergh, Oscar pelo realista Traffic. Incômoda radiografia do problema das drogas nos Estados Unidos, o filme também assegurou ao porto-riquenho Benicio Del Toro o prêmio de melhor ator coadjuvante, já incensado ao posto de sex-symbol com a ajuda das suas olheiras penetrantes.

Em meio a parcas surpresas, a história se repetiu para o Brasil. Outra vez o País saiu de mãos abanando. O curta-metragem de Paulo Machline, Uma história de futebol, perdeu para o alemão Quiero ser, de Florian Gallenberger, sobre dois meninos de rua na Cidade do México. Nas contas dos executivos de Hollywood, contudo, a grande vencedora é Julia Roberts. A atriz, cujos filmes mais arrecadaram na história do cinema americano – US$ 1,5 bilhão só nos Estados Unidos –, já elevou seu cachê para algo em torno de US$ 25 milhões. Alguns arriscam uma projeção de até US$ 30 milhões. Julia estará de volta às telas brasileiras em A mexicana – estréia prevista para 20 de abril –, no qual contracena com o galã Brad Pitt. A mexicana em questão é uma cobiçada pistola antiga, que deve ser resgatada pela dupla. Mas, na verdade, quem tem munição de sobra é mesmo a linda mulher.


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