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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciaram nesta quarta-feira (19) a redução da tarifa dos meios de transporte público de R$ 3,20 para R$ 3.

A decisão conjunta foi tomada após seguidos protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas da capital paulista. As manifestações foram iniciadas pelo Movimento Passe Livre e se estenderam a diversas cidades do País.

Ainda nesta quarta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), também anunciou a decisão de revogar o aumento das passagens de ônibus na capital fluminense. O valor caiu de R$ 2,95 para R$ 2,75. As tarifas de metrô, trens e barcas no Rio também foram reduzidas. O reajuste havia ocorrido no dia 1º de junho.

Cidades como Porto Alegre (RS) e Vitória (ES) também já haviam anunciado a redução dos preços das passagens do transporte público após a onda de protestos.

Mais cedo, nesta quarta-feira, Haddad havia dito que a redução só seria possível se houvesse corte de impostos por parte do governo federal. O prefeito da capital paulista havia se reunido, no dia anterior, com a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alckmin, Haddad e Paes disseram que o corte nas tarifas de transporte significa redução de investimentos em outras áreas da administração pública, como saúde e educação.

"Quero lembrar que essa suspensão do aumento da tarifa representa para ambos os municípios, Rio e São Paulo, um impacto de R$ 200 milhões, e esse recurso tem que ser arcado pelo poder público", disse Paes. "Nada disso é feito sem que custo", afirmou o prefeito do Rio.

"Nós precisamos abrir a discussão sobre as consequências dessa decisão para hoje e para o futuro", afirmou Haddad.

Alckmin, por sua vez, disse que o "sacrifício" será grande. "Vamos ter que cortar investimento, porque as empresas não têm como arcar com essa diferença".

Protestos

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.
 
Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.
 
O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.
 
As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
 
As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.
 
O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.