A CPI da corrupção foi enterrada na última semana em Brasília, e a quantidade e a variedade de malabarismos para evitá-la, exibidos pelo governo e seus aliados, deixaram a estranha sensação de que alguma pendência existe. Se a tal papelada de Cayman não é verdadeira, ficou a impressão de que alguma outra deve existir para justificar o indisfarçado temor reinante. Ou algo parecido.

Contribuiu para a má impressão causada pelas manobras a veemência do presidente da República, ao refugar a hipótese de CPI, e seu contrastante silêncio em relação às acusações de corrupção que voam a seu redor. Outro legado do episódio foi a constatação do oportunismo primário do ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães, muito pouco convincente ao envergar uma fantasia de oposicionista vários números menor que o seu. O senador se encalacra cada vez mais.

Os procuradores Guilherme Schelb e Eliana Torelly, sua afilhada de casamento, confirmaram o que já havia publicado ISTOÉ e dito Luiz Francisco de Souza em seu depoimento. Ou seja, ACM declarou ter uma lista com os nomes e como votaram seus pares na cassação de Luiz Estevão. Além disso, o laudo do pessoal da Unicamp constatou a vulnerabilidade do painel de votação do Senado, sob a responsabilidade do velho cacique, a qualquer tipo de fraude. Outra herança do episódio foi a demonstração de uma recém-adquirida “falta de sectarismo” do PT, agora um aliado do senador naquilo que já está sendo chamado de PFL do T – partido da frente liberal dos trabalhadores.