Em recente pesquisa, a Unesco constatou que de cinco mil jovens brasileiros entrevistados, três mil já sofreram algum tipo de violência. Jandira Martins Calixto, uma menina de apenas 14 anos, engrossa de maneira brutal e irrecorrível os tristes números da Unesco. Escolhida como capa desta edição, a reportagem assinada por Bruno Weis e Ivan Padilha, dois jovens, talentosos e promissores repórteres de ISTOÉ, tem Jandira como uma de suas personagens. Ela morava em Mogi das Cruzes, cidade vizinha a São Paulo, e estudava na quinta série do primeiro grau em uma escola, às portas da qual, na segunda-feira 26, foi assassinada. Como ela, neste ano mais de dez estudantes foram mortos dentro ou perto de estabelecimentos de ensino somente no Estado de São Paulo.

Os chocantes números da Unesco não param: no ano passado foram assassinados 1.888 jovens entre 15 e 29 anos. Especialistas apontam como causas as brigas de gangues, as drogas e a falta de perspectivas dos adolescentes brasileiros, principalmente aqueles das periferias das grandes cidades.

À necessidade e à obrigação de fornecer educação apropriada ao crescente contigente de jovens, somam-se agora a urgente exigência e, de novo, a obrigação das autoridades de dar segurança para que eles possam frequentar escolas. Ao governo compete também a tarefa de reverter a falta de perspectivas apontadas pelos especialistas que, mais que as drogas e as brigas de gangues, está na raiz dessa violência. É imprescindível criar políticas que impliquem uma melhor distribuição de renda no Brasil. Recomenda-se também que otimismos exagerados e extemporâneos sejam substituídos por um pouco mais de suor, pois os números do desemprego continuam apontando para o alto.