No futuro não vão mais existir empresas de Internet. Todas serão de Internet. Isso não quer dizer que tecelagens, fábricas de alimentos, transportadoras ou mesmo a farmácia da esquina vão desaparecer. O que muda – e já está em plena transformação – é a atual maneira de estas companhias, grandes ou pequenas, conduzirem seus negócios. Na verdade, a Internet é o símbolo mais visível para as pessoas comuns de que tudo e todos passarão a estar integrados em redes de comunicação. O que se vê hoje com a disputa de provedores de acesso e shoppings virtuais representa apenas a parte mais perceptível dessa mudança. O século XXI nos reserva a consolidação de uma economia eletrônica. Ou e-economy, como batizaram os americanos. Denominação que engloba os demais “es” com os quais os especialistas gostam de impressionar: e-commerce, e-services, e-business… Enfim, e-tudo. Na prática, comércio, serviços, negócios, realmente tudo será facilitado por meios eletrônicos, graças ao avanço e à combinação de tecnologias como a informática e as telecomunicações.

No universo dos consumidores, o que prevalece hoje é mesmo o acesso às informações e ao comércio eletrônico. Em ambos, o Brasil ainda engatinha. Recente pesquisa do Datafolha apontou que 7,6 milhões de brasileiros usam a Internet. Eles representam apenas 4,3% da população. Nos Estados Unidos, esta legião já soma 71 milhões (40% do total) de pessoas. Mas o que mais espanta é a velocidade de adesão dos usuários à rede de computadores. Em 2000, os americanos plugados serão 84 milhões e, em 2002, 117 milhões. A previsão é de que em 2003 existam no mundo todo nada menos do que 545 milhões de internautas. Se os números locais parecem pequenos, vale lembrar que o Brasil já é o sexto país do planeta em usuários. Não por acaso todas as grandes empresas internacionais de Internet desembarcaram no Brasil em 1999. Chegaram atraídas pelo potencial de crescimento desse mercado, composto em seus grandes centros urbanos, sobretudo, por um público jovem (média de 25 anos) e receptivo a novas tecnologias, ao contrário do que acontece em algumas comunidades européias. O comércio eletrônico ainda movimenta pouco, cerca de US$ 70 milhões, mas é 80% do todo da América Latina e calcula-se que atingirá US$ 700 milhões em 2003. Números, números, números. Eles são muitos, mas numa coisa todos os entendidos concordam: qualquer estimativa nesse campo vai errar para menos.

No âmbito das empresas, a transformação é ainda maior. Toda essa tecnologia tornou plausível a globalização e agora a globalização torna indispensável que todos abracem a tecnologia. O motivo é um só: redução de custos. O melhor exemplo são os bancos, os primeiros a mergulhar de cabeça na economia eletrônica. Uma transação pela Internet custa um terço de uma operação no caixa eletrônico, que sai pela metade de uma por telefone, que também gasta a metade de uma com o cliente na própria agência. Resultado: milhões e milhões economizados. O Bradesco, por exemplo, é um caso de excelência no Brasil, possui 770 mil correntistas online e agora vai prover acesso de graça à rede. Afinal, é lá que o banco vai fazer negócios cada vez mais rentáveis de todos os tipos: aplicações, financiamentos, leilões, vendas de ações e produtos. Mas não é só quem trabalha com consumidor final que vai tirar proveito da eletrônica. Indústrias dos mais diferentes segmentos já adotam sistemas de gerenciamento que interligam todos os seus processos, da compra de clipes à entrega do produto, passando pelos departamentos de finanças, recursos humanos, marketing… Fazem isso através de Intranets (redes internas privadas) ou Extranets (redes externas com acesso restringido por senha a fornecedores e clientes). “Em cinco anos todas as empresas médias brasileiras já terão adotado estes conceitos estendidos de redes e gerenciamento de seus negócios”, prevê Wilson Cruz, gerente de soluções de e-business da IBM. As empresas de tecnologia de telecomunicações e informática trabalham, como você já viu, para prover comodidade, simplificar o funcionamento e garantir a eficiência dos aparelhos, o que ainda não acontece. Mas quem imaginava há cinco anos escrever uma carta no computador e que, depois de uns poucos comandos e minutos, ela seria lida no Japão?


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