O ano 2000 representava o início do futuro para toda uma geração que cresceu com os olhos pregados no desenho animado Os Jetsons e acompanhou as aventuras de Barbarella. Mas agora que aquele futuro distante dos antigos filmes de ficção se tornou o nosso presente, já sabemos que as pessoas não ficaram carecas, não andam em naves espaciais e tampouco circulam por aí metidas em roupas iguais às dos figurinos esquisitões feitos para as histórias hollywoodianas. Por isso, nada mais natural do que imaginar que, pelo menos nos próximos 50 anos, os seres humanos vão conti-nuar exatamente como são: humanos.

Ao que tudo indica, ainda bem, não sofreremos nenhuma mutação genética. Não vamos nos transformar em seres com casca no lugar de pele nem ganharemos um dedo a mais em cada mão. E já que não existem sinais de que o mundo e a anatomia do homem vão mudar radicalmente é improvável que as roupas e acessórios ganhem designs muito diferentes dos atuais. É exatamente o que pensa o estilista mineiro Ronaldo Fraga. Experimental até dizer chega, ele é dono de uma divertida irreverência. Nas suas mãos, carteiras de trabalho podem virar saia, andorinhas de louça que enfeitavam as casas de sua infância se tornam motivos de estampas. Apesar de Fraga possuir imaginação fértil ele aponta uma moda futurista repleta de tênis, t-shirts, calças jeans, tubinhos Chanel, gravatas e blazers.

“Nos últimos 30 anos, muitas foram as previsões de como estaríamos nos vestindo nos dez primeiros anos do século XXI. Hoje, esbarrando em um novo milênio, os marcianos não vieram à Terra, a guerra fria não terminou em bombas nucleares e não estamos com macacões prateados para nos proteger da chuva ácida”, analisa. O que realmente muda, segundo ele, é a cabeça das pessoas. “A diversidade do mundo encolhido, estimulará cada vez mais a busca da individualidade, do conforto e da praticidade”, acha. E, sem dúvida, as grandes novidades da moda vão ser ditadas pelos avanços tecnológicos. “Será a vez do império dos tecidos inteligentes: térmicos, antibacterianos, reciclados de última geração e até com código genético”, acredita. O resto é ficção científica.