Desde que Otto Benz montou o primeiro carro, em 1885, os automóveis cuspiram milhões de toneladas de fumaça na atmosfera. A ciência provou – e as montadoras assinaram embaixo – que o monóxido de carbono e as partículas químicas emitidas pelos veículos ajudam a esburacar a camada de ozônio que protege a Terra dos raios solares ultravioleta. Independentemente da escassez de reservas petrolíferas, o desafio da indústria do transporte na próxima década será construir veículos cada vez menos poluentes. Some-se a isso uma série de problemas: os carros, trens, jatos e barcos do futuro precisam reduzir seu tamanho, peso e consumo de combustível. Por isso, fábricas e centros de pesquisa procuram componentes eletrônicos em miniatura e combustíveis alternativos ao petróleo. Os candidatos mais fortes são os próprios derivados do óleo, como gás natural e metanol. Mas há estudos de motores que queimam álcool e hidrogênio, usam baterias elétricas, tomates ou feijões para gerar energia. Além de ecologicamente corretos, os motores movidos a eletricidade são mais silenciosos. Apesar disso, permanece a dificuldade de armazenamento. Nas experiências com motores de célula de combustível, a maior promessa para a substituição dos motores movidos a gasolina, o entrave é justamente a estocagem do combustível, hidrogênio líquido. Uma alternativa seria gerar energia usando um segundo motor dentro do próprio veículo.

O império erguido por herr Benz mudou muito nesses 115 anos, desde a invenção do carro. A empresa virou Daim-lerChrysler e agora se dedica a criar o novo carro elétrico, ou Necar, como a empresa chama suas experiências. Em 1999, ela apresentou o Necar 4, um Mercedes Classe A movido pela eletricidade gerada por um motor de célula de combustível. A tecnologia não tem nada de nova. Foi inventada em 1839 pelo físico britânico sir William Grove e ressuscitada pela Nasa nos anos 60 nos projetos espaciais Gemini e Apollo. Consiste na queima do hidrogênio em presença de oxigênio para gerar energia. O motor ficou pequeno o suficiente para caber no piso do carro, que entrará na linha de montagem em 2004. O Necar 4 alcança velocidade de 145 quilômetros por hora e tem autonomia para rodar 450 quilômetros sem reabastecer. Com a vantagem de ser tão poluente quanto um bule de chá. Do escapamento, só sai vapor d’água.

Alto-mar – Quando o assunto é navegar, é preciso falar no RV-Triton, barco de 92 metros de comprimento que entusiasma as marinhas britânica e americana. Ao distribuir o peso, motores e tanques d’água de forma equi-librada em três cascos paralelos, os arquitetos navais obtiveram economia de 20%. Significa que o Triton navega à velocidade de 30 nós usando metade do combustível para mover um barco de casco único com 83 metros de extensão. O passeio de estréia do Triton, que chega ao tamanho de um porta-aviões, será em setembro de 2000. A agência inglesa de pesquisa e defesa, Dera, uma das madrinhas do projeto, revela que o novo barco de casco triplo terá impacto semelhante ao do motor a vapor sobre os navios a vela. Sem o mesmo entusiasmo da marinha real, os americanos financiaram a maior parcela dos futuros testes do Triton em alto-mar. Equiparam a nau com 500 sensores, sistemas computadorizados de navegação e prevenção de falhas, além de cabos de fibra óptica para interligar a sala das máquinas à torre de comandos.

Nos ares, a principal experiência com jatos supersônicos acontece no centro de pesquisa Glenn da Nasa em Pasadena, na Califórnia, nos EUA. A Nasa estuda, e a Boeing planeja colocar em linha comercial, uma aeronave capaz de alcançar o dobro da velocidade do som. Batizado de HSCT, sigla para transporte civil de alta velocidade, o jato supersônico levará a bordo mais de 300 passageiros com suas bagagens. Quando estiver pronto, cruzará o céu entre Los Angeles e Tóquio em quatro horas. A mesma viagem que nos atuais jatos pode consumir longas e cansativas dez horas. Quem literalmente levita pelos trilhos é o Maglev, sistema que combina força magnética supercondutora e tecnologia de motores convencional. O resultado é um trem que dispensa rodas para, literalmente, levitar sobre o campo de forças magnéticas. Com segurança e pouco impacto ambiental. Em testes recentes, o trem Maglev passou por uma prova de fogo. Equipado com freios aerodinâmicos, o trem com cinco carros interligados conseguiu romper a barreira dos 552 km/h.