Os Lusíadas (Estação das Artes, São Paulo) – Preparada há nove meses sob o enérgico chicote da produtora Ruth Escobar, a luxuosa nau de Vasco da Gama zarpou sem problemas, apesar das mudanças de diretores e das substituições no elenco. Amparada em cenário multimídia, figurinos ricos, canto coral e numa caravela de ferro e cordas com 11,2 m de comprimento, a ambiciosa montagem do poema épico de Luís de Camões – dirigida por Iacov Hillel e orçada em R$ 2 milhões – ganhou ares operísticos. Mas ainda se mostra carente de certos ajustes, especialmente em relação à acústica do local e à equalização do som. Em meio ao belo texto quase inaudível, chega a ser um alívio escutar a voz clara e bem colocada de Marat Descartes, que, com desenvoltura, encarna um Camões transformado em narrador da epopéia musical sobre a descoberta do caminho para as Índias. (I.C.) Vale a pena