Mesmo que uma grande recessão não assole o planeta, persiste o desafio de combater o grande mal do final do século XX: a pobreza. Atualmente são 4,5 bilhões de miseráveis no mundo. Combinada com as dificuldades dos governantes em combater o desemprego, a pobreza resultou na chamada exclusão social, num contexto em que também estão submergindo os princípios básicos de cidadania. Esse, segundo especialistas que estudam o tema, será outro grande desafio. Relatórios recentes das Nações Unidas apontam que, nos tempos de globalização, a pobreza e a desigualdade vêm aumentando em escala mundial. “A exclusão inclui não somente a falta ou dificuldade de acesso a bens e serviços, mas não garante a segurança, dificulta a justiça e impede a plenitude do acesso à cidadania pelos indivíduos”, diz José Paulo Zeetano Chahad, da USP.

A professora Raquel Rolnik, do departamento de arquitetura da Pucamp e membro do Instituto Polis, que estuda políticas urbanas, aponta ainda mais um agravante. “As iniciativas de combate à pobreza, que cada vez mais promove uma segregação urbana e social, deverão, necessariamente, incorporar os dilemas da moradia em seu quadro de preocupações.” A exclusão, como lembra Chahad, tem ocorrido das mais diversas formas. A começar pelo mercado de trabalho com a proliferação de oportunidades precárias e de má qualidade, pelo aumento do tempo em que o cidadão permanece desempregado, pela falta de serviços de saneamento e pela desobediência aos direitos humanos e de acesso à terra. Segundo Vilmar Faria, o governo investe 20% do PIB na área social. Mas só isso não basta. “Um dos pontos para o futuro é discutir a eficiência desse gasto. É injusto que a sociedade como um todo pague as aposentadorias da classe média alta.” A tese é reforçada pelo professor Chahad, para quem o crescimento econômico é necessário, mas não suficiente para assegurar a justiça, o progresso social e a erradicação da pobreza. O caminho é buscar políticas sociais mais concretas.