A menina baiana Brenda Freitas tem 12 anos. É pobre e órfã de mãe. Está pronta para voar – vai entrar em um avião pela primeira vez em sua vida. Nos próximos dias ela embarca em Salvador e pousa em Joinville, onde funciona a filial brasileira de uma das mais renomadas escolas de dança do mundo: a Escola do Teatro Bolshoi (a matriz é russa). Brenda é a mais nova aluna dessa instituição – foi escolhida entre 121 mil concorrentes, apesar de a sola de seus pés, que só conhecem chão batido da favela onde mora, ter estranhado as sapatilhas. Ainda assim, Brenda mostrou que está pronta para voar também nos palcos – nos testes ela voou com leveza e perfeição a cada movimento da coreografia. Brenda vive num bairro pobre de Salvador com a avó Lindaura e seus quatro irmãos (dois deles têm Aids). Há três anos começou a ter aulas com a professora Martha Vilas-Bôas, idealizadora do Projeto Esperança da Associação São Francisco de Assis. “Ela tem biotipo de bailarina”, diz Martha. “Quando eu danço parece que estou voando”, disse Brenda a ISTOÉ.