13/06/2013 - 11:49
O dólar operava em queda nesta quinta-feira, cotado a R$ 2,14 por volta das 10h32, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter anunciado mais uma medida para conter a alta da moeda. O governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na compra e venda de dólar no mercado futuro na noite de quarta-feira. O objetivo da medida foi diminuir as barreiras à venda de dólares no mercado futuro. Com mais oferta de dólares no mercado, a tendência é que a cotação caia.
A alíquota do IOF para essas operações estava em 1% desde setembro de 2011 e incidia tanto sobre o aumento da posição vendida como da redução da posição comprada. Ontem, o dólar fechou o dia cotado a R$ 2,1541 para venda, com alta de 0,82%. Foi a maior cotação desde 30 de abril de 2009, quando o câmbio atingiu R$ 2,182.
Esta foi a segunda medida cambial em menos de dez dias para tentar conter a alta do dólar. No último dia 4, Mantega anunciou a isenção de IOF cobrado sobre as aplicações de estrangeiros em renda fixa no Brasil. Na ocasião, o governo também zerou o IOF cobrado sobre o depósito de margem de derivativos, quantia que os investidores depositam ao iniciarem operações no mercado futuro.
Além dessas medidas, o BC realizou operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, para suavizar a alta do dólar. Segundo especialistas ovidos pela Agência Brasil, além de ajudar na cotação do dólar, as medidas do governo vão evitar que o "contágio" da alta da moeda americana sobre a inflação no Brasil. Se o dólar está mais alto, os preços de produtos importados mais elevados são repassados aos consumidores no mercado interno.
Entenda
Uma operação de derivativo chamada de venda futura consiste em um acordo entre uma parte que se compromete em vender determinado ativo – neste caso o dólar – e outra que se compromete em comprar em uma data definida. No caso da moeda americana, um investidor "vendido" acredita que o dólar estará a uma cotação futura menor do que a do momento da celebração do contrato derivativo. Ou seja, o investidor se compromete a vender dólares ao comprador deste contrato e a diferença de cotação da moeda americana nesse esse período será o que ele ganhará nesta operação.
Já quem reduz a posição "comprada" é o investidor que acreditou na alta do dólar em relação, mas que agora não mais quer manter essa estratégia. O que o governo fez foi desonerar os investidores que se posicionam na queda do dólar no Brasil e se comprometerem com a entrega da moeda americana no futuro, ou quem quiser reduzir sua posição de expectativa de alta da moeda. A entrada de dólar no Brasil faz aumentar a oferta da moeda e a deixa mais barata.
A moeda americana, que desde o começo de 2013 ficou cotada em uma faixa entre R$ 1,95 e R$ 2,05, disparou desde o final de maio bateu nesta quarta feira em R$ 2,15, fechando neste patamar pela primeira vez em quatro anos. Essa é a segunda mudança de regras promovida pelo governo brasileiro em cerca de uma semana em relação a operações que envolvem a entrada de dólares no País. Na terça-feira passada, Mantega anunciou o fim do IOF para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. A alíquota em vigor era 6%.
O real desvalorizado é sinônimo de um grande problema e de uma grande vantagem para o Brasil. O maior problema é em relação a inflação. Produtos com formação de preço indexados ao dólar (como o petróleo e, consequentemente, a gasolina e diesel), além de similares a nacionais ficam mais caros e geram pressão inflacionária. Neste momento, é uma situação que o governo precisa evitar, já que a inflação medida pelo IPCA – que possui uma meta estipulada a ser cumprida – bateu 6,49% em abril, somados os últimos 12 meses, número máximo admitido pelo plano do governo em 2013.
O benefício trazido pelo real mais fraco é que os produtos fabricados no Brasil ficam mais baratos em relação aos concorrentes de outros países, o que favorece as exportações brasileiras. Este é um cenário bastante conveniente para o governo, já que a indústria do País encolheu 0,3% no 1º trimestre deste ano, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados no final de maio. Já a balança comercial (diferença entre venda de produtos para o exterior e importações) registra em 2013 o pior resultado para os cinco primeiros meses de um ano desde 1993.
Com as isenções do pagamento de IOF promovidas pelo governo, o Brasil fica ainda mais atrativo para aplicações financeiras do capital internacional, já que atualmente o País tem a 3ª maior taxa de juros real (descontada a inflação) do mundo, com a elevação da Selic para 8% ao ano no final do mês passado.