O ministro da Defesa, Élcio Álvares, recebeu a reportagem de ISTOÉ, na sexta-feira 8 à tarde em seu gabinete na Esplanada dos Ministérios, para o que classificou como “uma audiência, não uma entrevista”. Élcio estava acompanhado de sua assessora especial, Solange Antunes Resende, e do secretário de Políticas Estratégicas da Defesa, general Werlson de Roure. Não permitiu gravação da conversa, mas aceitou que seus argumentos fossem reproduzidos pela revista. Ele admitiu atração por um tipo de contravenção penal específica: “Realmente gosto de jogar cartas. A dinheiro. Mas sempre em casa ou na casa de amigos muito próximos.” Na carta que enviou para a última edição de ISTOÉ, o ministro afirmou: “Desconheço totalmente a existência de cassinos no meu Estado, principalmente nas regiões de Serra e Domingos Martins. Se houver qualquer registro fotográfico nesse sentido, ele é forjado, não resistindo a nenhum exame pericial.” Disse que incluiu este tópico porque tinha informações de que a revista iria tratar do assunto, o que não ocorreu. Élcio insistiu que não é amigo do bicheiro e presidente da Assembléia Legislativa de seu Estado, José Carlos Gratz, com quem mantém “relações meramente institucionais” como deputado.

Quanto à afirmação de sua carta, segundo a qual não assinou ações judiciais após a eleição para o Senado, em 1990, ISTOÉ mostrou ao ministro o documento datado de janeiro de 1991 em que ele atuava como advogado de dois envolvidos na chamada Operação Marselha. O ministro fez uma retificação da carta. “Coloquei que parei de advogar após a eleição, mas, na verdade, foi depois de minha posse no Senado, em fevereiro de 1991. Tinha de ganhar a vida nesse período.” Confrontado com o outro documento, da ação de dezembro de 1993, que lhe foi enviada por fax, Élcio argumentou: “Nesse caso, trata-se de uma ação em que realmente participei, mas por solidariedade política com o prefeito de Fundão. Não recebi qualquer honorário.” Por fim, para o ministro, “mesmo que se encontre uma ou duas ações, não dá para caracterizar que eu estou advogando”. O ministro disse que não pretende pedir demissão, nem se sente constrangido em permanecer no cargo. “Primeiro, porque considero as acusações levianas. Depois, porque o que tem de ser visto é minha atuação a partir do momento em que assumi a pasta da Defesa. Aí ninguém pode apontar qualquer problema.”


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