Favorito na corrida para a Casa Branca, o democrata Barack Obama já aparece com mais de dez pontos à frente do republicano John McCain nas pesquisas. Contam a seu favor o desgaste da administração de George W. Bush, a promessa de recuperar a economia e o compromisso com mudanças na maneira de fazer política. Da plataforma de Obama, um item, porém, sobressai: o plano de energia, que, além de atender às preocupações com o aquecimento global, pretende reduzir a dependência que a economia americana tem do petróleo importado. No último debate com McCain, na quarta-feira 15, Obama fez uso de seu principal trunfo. Após ressaltar que os EUA importam 60% do petróleo que consomem, voltou a afirmar que, em dez anos, vai reduzir significativamente a atual dependência das importações do Oriente Médio e da Venezuela. "Tomamos US$ 700 bilhões em empréstimos da China para pagar a conta de petróleo com a Arábia Saudita. Chegou a hora de aumentar a produção doméstica", pregou o democrata. Em sua réplica, McCain fez uma menção surpreendente ao Brasil. Ao citar fontes de energia alternativa, defendeu a isenção tarifária para o etanol importado do Brasil. Uma boa sugestão a ser incorporada por Obama.

Quando lançou seu plano, Obama associou sustentabilidade com geração de empregos. "Vamos investir US$ 150 bilhões nos próximos anos para criar uma economia que aproveite energia de forma racional e crie cinco milhões de novos empregos nos EUA", prometeu ele, em 4 de agosto. Uma medida ousada é o crédito fiscal de US$ 7 mil para quem comprar veículo movido a energia alternativa. Outra meta é destinar US$ 4 bilhões para as montadoras que fabricarem carros híbridos, com motor a gasolina e elétrico. Ele garante que, em menos de um ano, toda a frota da Casa Branca será convertida em veículos elétricos. E quer ver um milhão de veículos híbridos nas ruas até 2015.

Enquanto os republicanos se apegam ao aumento da exploração de petróleo, Obama traça um vôo mais amplo. Faz uma concessão de peso ao se dispor a avaliar o fim da moratória para a exploração off-shore nos EUA, em vigor há mais de 25 anos. E admite investir na exploração das reservas de petróleo e gás em Dakota do Norte, Montana e construir um gasoduto no Alasca, região simbólica para os ecologistas. Ao mesmo tempo, assegura que, até 2012, pelo menos 10% da energia consumida nos EUA virão de fontes renováveis. Obama também acena com o desenvolvimento da tecnologia de carvão limpo. Para encurtar a história, promete tornar os EUA um país líder na busca de soluções para as mudanças climáticas. "O plano de Obama é bom. Resta saber se ele terá condições políticas e econômicas de implementálo", afirma o diretor da Coppe/UFRJ, o físico Luiz Pinguelli Rosa.

BOA NOTÍCIA No último debate, McCain defendeu a isenção de tarifa para o etanol importado do Brasil


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