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Desde que amargou um ano na segunda divisão, em 2008, de onde voltou como campeão nacional, o Corinthians tem sido o time mais vitorioso do país. É o time que tem quebrado paradigmas e o que mais tem valorizado sua marca. Em 2009, o Timão foi campeão paulista e conquistou também a Copa do Brasil. Em 2011, foi campeão brasileiro. Em 2012, ganhou a Copa Libertadores da América e o Mundial de Clubes da Fifa. Em 2013 sagrou-se campeão paulista pela 27ª vez.

Para além de todas essas conquistas, o Sport Club Corinthians Paulista repatriou o fenômeno Ronaldo, que foi fundamental para dar maior trânsito ao clube nos negócios do futebol, sem contar que teve ótimas atuações nas campanhas vitoriosas da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista em 2009 Isso pavimentou ainda mais o caminho para que o programa Fiel Torcedor ganhasse músculos entre a torcida corintiana, garantindo que o estádio esteja sempre com muito público em seus jogos. Milhares e milhares de camisas foram vendidas com o número 9 de Ronaldo nas lojas Todo Poderoso e no site do clube na internet. O sucesso de Ronaldo animou outros clubes a fazerem o mesmo e passaram a repatriar jogadores que estavam na Europa. E os craques d’além mar perceberam que era possível ganhar muito dinheiro jogando no Brasil. Assim vieram Robinho para o Santos, Luís Fabiano para o São Paulo, Ronaldinho Gaúcho para o Flamengo, Seedorf para o Botafogo, Alexandre Pato para o Corinthians e outros.

O clube também mudou sua política em relação aos técnicos e deu tempo para que os gaúchos Mano Menezes e Tite, cada um a seu tempo, construíssem um time difícil de ser batido em qualquer campo. Tudo isso fez com que a TV Globo ficasse cada vez mais empolgada com a audiência proporcionada pelo Corinthians, que passou a ter a maior cota de televisão e um espaço sempre aberto na maior rede midiática do país. Daí vieram os patrocínios – primeiro, um verdadeiro supermercado de marcas estampado na camisa branca, mas depois patrocínios mais fortes (da NeoQuímica e da Caixa) que o permitiram limpar a camisa.

Até o que era ruim acabou sendo bom para o Corinthians. Quando o presidente do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio, limitou a apenas 5.000 ingressos a cota da torcida corintiana num clássico entre ambos, uma tradição foi quebrada. Desde a inauguração do estádio do Morumbi, nos anos 60, o Corinthians sempre teve maior presença de público nos clássicos contra São Paulo, Palmeiras e Santos. Ou seja: durante quase 50 anos, colaborou e muito com os cofres do tricolor, pois pagava um aluguel de 12% da renda para o rival. Sem um estádio grande e sem poder realizar o sonho de comprar ou arrendar o Pacaembu, o ex-presidente Andrés Sanchez foi à luta e, com uma mãozinha generosa do ex-presidente Lula, abriu as portas para a construção de seu próprio estádio, para 48.000 pessoas. Enquanto isso, Juvenal Juvêncio endurecia com as exigências da Fifa e impunha barreiras para uma reforma completa do Morumbi, que abrigaria o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. A Fifa desistiu do Morumbi e os governos de São Paulo (estado e cidade) se uniram em torno do projeto do novo estádio corintiano, que teve sua capacidade reprogramada para 68.000 pessoas. Para tanto, tiveram de abrir mão de impostos que seriam gerados com a utilização do novo estádio.

Como se vê, num período de apenas quatro anos, o Corinthians consolidou-se como o clube mais poderoso do Brasil e ainda ostenta três títulos: campeão paulista, campeão sul-americano e campeão mundial. Não é pouco. Só que, neste 2013, as coisas não estão muito fáceis para o Timão. Começou na Libertadores, quando torcedores do time levaram para a pequena cidade de Oruro, na Bolívia, um sinalizador de navio que terminou por disparar e atingir no rosto o garoto Kevin Beltrán Espada. O desenrolar dessa história trágica foi o pior possível em termos esportivos. Doze torcedores corintianos foram presos na Bolívia e o time foi proibido de levar sua torcida nos jogos fora de casa, além de ter sido obrigado a jogar uma partida no Pacaembu com os portões fechados. Prejuízo grande. Mas alguns corintianos se revoltaram e, na defesa de seus direitos, peitaram a Conmebol – quatro desses entraram no Pacaembu fechado e outros levaram faixas em estádios além-fronteira. Isso irritou a Confederação Sul-americana de Futebol O time já não vinha jogando bem e foi eliminado dentro do Pacaembu devido a uma desastrosa arbitragem do paraguaio Carlos Amarilla.

Tudo isso para dizer que o time que tem todo esse poder parou de jogar um bom futebol. Sem ter um elenco de estrelas, o Corinthians se tornou forte porque Tite conseguiu montar um time obediente taticamente e obcecado pela vitória. Raras vezes deu show de bola. O técnico pediu tanta “intensidade” dos jogadores que, aparentemente, a fórmula se esgotou. Em 2013, os jogadores parecem ter a certeza da vitória e deixaram de ser protagonistas para que os adversários passassem a jogar. Tite, que era o técnico justo, colocando como titular só aqueles que estavam jogando bem, começou a errar. Mudou a característica de alguns jogadores, deixou quem estava bem no banco, escalou quem estava mal, e hoje existe uma grande dúvida no ar: será que o encanto acabou?

Se sim, o Corinthians provavelmente vai inaugurar seu estádio, no início de 2014, com outro treinador e outros jogadores. 

Se não, o Corinthians provavelmente vai disputar o título brasileiro e da Copa do Brasil como favorito.

Essa resposta só 11 jogadores e um técnico poderão dar.