Uma cavalgada pela serra da Mantiqueira, entre São Paulo e Minas Gerais, a quase dois mil metros de altitude, durante sete horas, é um poderoso argumento a favor do turismo ecológico, um gênero que vem atraindo cada vez mais adeptos. Em cavalos das raças marchador e paulista, preparados para o longo percurso, a cavalgada é bom programa não apenas para grandes cavaleiros e entendidos de montaria, mas também para distraídos amadores. Uma calça jeans, uma bota para caminhada, disposição e noções mínimas de como lidar com os animais são suficientes para encarar a jornada. “A gente acaba se sentindo um cavaleiro mesmo”, diz Marcus Vinícius de Andrade, 28 anos, técnico da Receita Federal em Curitiba, que fez pela primeira vez uma caminhada longa.

O percurso, organizado pela operadora de turismo Fauna & Flora, da cidade de São Francisco Xavier, a cerca de 140 quilômetros de São Paulo, tem início numa fazenda e atravessa diferentes tipos de vegetação, pequenas ruas de terra e pontos em que o sol não penetra na mata cerrada e onde é apenas normal que uma joaninha verde pouse em você. A chegada à cidade de Monte Verde, depois de três horas de passeio, é como um triunfo. E os cavaleiros mais acostumados com o barulho de carros e ônibus se alegram com o som da ferradura da cavalaria no asfalto. “Normalmente você aluga um cavalo mole, dá duas voltinhas sem graça e acabou. Aqui tem emoção”, diz Amarilis Cichewicz, que trabalha no departamento pessoal da Receita Federal em Curitiba. Uma das grandes diversões do percurso são as paradas para saciar a sede em bica naturais, muito comuns na serra. As trilhas seguidas na cavalgada recebem manutenção semanal para facilitar a vida dos cavaleiros, o que não tira a emoção do evento – apenas o torna mais seguro.

Os passeios podem durar de três a sete horas e custam de R$ 30 a R$ 80. Há sempre uma parada para o almoço (não incluída no preço), geralmente na cidade de Monte Verde, onde os cavaleiros podem provar truta grelhada, uma das especialidades da região. Mas é necessário lembrar que depois da truta ainda resta todo o caminho de volta. E comer e trotar não rimam nada bem. Do ponto mais alto do passeio, a Pedra da Onça, que marca a divisa entre os Estados de Minas e São Paulo, é possível enxergar as cidades de São José dos Campos e São Francisco Xavier tendo às costas a vastidão de Minas Gerais. De volta à cidade fica difícil acreditar que se esteve lá em cima, numa daquelas montanhas verdes e enormes. Ao voltar da empreitada, os cavaleiros sabem que a aventura cobra seu preço. “Ficam umas dorzinhas pelo corpo, mas vale”, afirma Amarilis, orgulhosa do seu feito.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias