Parece piada de carioca. Os paulistanos, que não têm praia, estão surfando na piscina. Ou melhor: estão aprendendo a pegar onda na academia. A autoria dessa nova moda é da academia Bio Ritmo, em São Paulo, que criou aulas de surfe para quem mora na capital, a cerca de 60 quilômetros da praia mais próxima, em Santos. E os primeiros passos, ou as primeiras ondas, nem sequer acontecem na piscina: são feitos em cima de um tatame. “Essa atividade ocorre nas duas primeiras aulas para que o aluno treine equilíbrio e movimento”, explica Valderi de Souza, professor do curso.

Depois, o aluno vai para a piscina e sobe pela primeira vez numa prancha. Só uma coisa continua faltando: as ondas. Mas, como tudo se arranja, o professor e outros alunos chacoalham a prancha para que o aprendiz se equilibre como se estivesse no mar. “É comum que eles caiam nas primeiras tentativas. Mas treinar em academia ajuda a não fazer feio na praia, na frente de surfistas experientes”, justifica Souza.

As aulas acontecem duas vezes por semana. E, como surfar exige preparo para fortalecer os músculos das costas, dos braços e das pernas (os mais usados no esporte), os alunos passam metade da aula se exercitando nos aparelhos de musculação. Como prêmio, no final de semana o surfista de academia vai para o mar. O professor Souza passa os domingos no Guarujá (litoral de São Paulo) dando aulas de surfe e carrega consigo os alunos que quiserem praticar. “As aulas no mar são indispensáveis”, reconhece o professor.

Os neo-surfistas incluem rapazes que surfam mas querem aprimorar a técnica e garotas que nunca pegaram numa prancha. É o caso da professora Cristiane Vasconcellos, 31 anos. Irmã de surfista e chegada numa praia, ela achou as aulas de surfe uma ótima oportunidade para aprender a técnica. “Não contei nada para meus amigos surfistas. Tenho vergonha”, confessa. “Mas não vejo a hora de ir logo para a praia e mostrar que já sei alguma coisa”, comemora.